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Encontro Nossa América aprova ações unitárias e elege coordenação

Na manhã desta quinta-feira (24), encerrou-se o II Encontro Sindical Nossa América. O evento que contou com a participação de delegados de 28 países debateu um projeto de integração dos povos do continente americano.

Nossa América - setembro 2009 - João Zinclar

 Com participação da delegação do Peru, de Honduras, de Cuba, Colômbia, entre outras, o encontro trouxe à baila, através das intervenções dos delegados e delegadas, as realidades enfrentadas pelos trabalhadores frente às pressões do imperialismo norte-americano sobre as nações latino-americanas.

Para João Batista Lemos, secretário adjunto de relações internacionais da CTB, o encontro superou a expectativas. “Esse encontro teve uma dimensão transcendental. Reuniu sindicalistas de países das Américas Latina, Central e do Norte para discutir os problemas enfrentados pelos trabalhadores e contribuiu para construir uma nova plataforma de ação”, afirmou o dirigente.

O secretário frisou que a participação de centrais filiadas à duas maiores centrais internacionais reforçou a importância do evento na luta pela integração da classe trabalhadora no mundo. “Nesse momento, quando temos diversos líderes progressistas tomando o poder, precisamos construir com eles um novo projeto social que barre os ataques das EUA, como ocorre hoje na Colômbia, com a instalação das bases norte-americanas e em Honduras com o golpe militar. Estamos construindo um projeto que permita o avanço da luta dos trabalhadores no continente e na efetivação de mudanças”, concluiu Batista Lemos.

Ao final do encontro foi aprovado um calendário de ações unitárias e um grupo coordenador composto por entidades do movimento sindical mundial. São elas: CTB (Brasil), CTC (Cuba), PIT CNT (Uruguai), CGTP (Peru), FNT (Nicarágua), FAIS (México), CUT (Colômbia), CTA (Argentina), FUTAC (Chile), CTE (Equador), Nova Central (Brasil), Coordenação Sindical (Porto Rico), UNT (Venezuela), CST (Venezuela), Organização Social Juanito Moura (Costa Rica), Força Laboral de Intercâmbio Sindical (México).

Reflexos da crise

Em seu segundo dia nesta quarta-feira (23), o II Encontro Nossa América debateu pela manhã a crise e seus reflexos para a classe trabalhadora no mundo. Contou com palestras do sociólogo Emir Sader, do jornalista Altamiro Borges e de representantes de entidades nacionais e internacionais como Júlio Gamboa , da Central Única dos Trabalhadores da Colômbia, José Miguel, da Central dos Trabalhadores de Cuba e Gilda Almeida, secretária do Meio Ambiente da CTB.

Os números mostram os impactos da crise criada pelo capitalismo. São milhões de trabalhadores desempregados por todo mundo. Só no Japão, no setor metalúrgico, cerca de 300 mil trabalhadores foram dispensados em consequência da recessão, que derrubou a produção e consequentemente os lucros capitalistas, único objetivo do patronato.
Hegemonia abalada

Para o sociólogo Emir Sader essa crise sistêmica gerada pelo sistema capitalista trouxe uma transformação para os trabalhadores e abalou a hegemonia do imperialismo norte-americano. O mundo, que era unipolar, se transformou, abrindo espaço para que as nações se libertassem do domínio estadunidense.

O especialista lembrou que embora esteja havendo uma transformação, com forças progressistas ascendendo ao poder, as consequências da crise ainda continuam recaindo sobre os ombros da classe trabalhadora, com flexibilização de direitos e salários, aumento de horas extras e demissões em massa.

Sindicatos fortes

“Precisamos fortalecer os sindicatos no mundo. E essa crise reforçou esse pensamento. Pois só através deles a classe trabalhadora conseguirá avançar nas conquistas e barrar a ofensiva neoliberal, que visa pulverizar e neutralizar a força dos trabalhadores. Ainda existem muitos trabalhadores no mundo não sindicalizados e muitos sustentam sua família apenas com um salário mínimo. Outro ponto a ser focado é o futuro e para isso precisamos preparar os jovens trabalhadores para integrar o movimento sindical”, afirmou o sociólogo.

O jornalista Altamiro Borges garantiu que a crise ainda não passou. “É um erro garantir que já não há crise visto que seus reflexos deixaram mais de 7 milhões de trabalhadores desempregados com a desculpa de redução de custos e queda na produção. E os países industrializados foram os mais atingidos”, revelou o jornalista.

Socialismo

Para o jornalista a atual conjuntura tem permitido que países como o Brasil e China, conseguissem manter a resistência e não entrassem em recessão. A não assinatura da ALCA pelo Brasil já se configura em uma grande vitória, mas o país não ficou imune à crise. “Devemos levantar a bandeira do socialismo e da integração dos povos para trabalharmos contra o oportunismo do capital, que está se aproveitando da crise que ele mesmo criou”, finalizou Altamiro Borges.

Compondo a mesa, o jornalista Carlos Lopes reforçou o caráter aproveitador daqueles que geraram a crise a agora a utilizam para bloquear as mudanças que são necessárias. “Essa crise está servindo para a direita bloquear as mudanças que são necessárias. Ate maio já havia passado para o sistema financeiro 14,5 trilhões de dólares, ou seja, se expandiu a base monetária. Os maiores engolem os menores. O sistema capitalista sempre criou crises. E é ridículo eles pregarem o livre mercado já que hoje temos grandes empresas que dominam o mercado. E já foi comprovado como em outras crises que o capitalismo monopolista não sai da crise sozinho.”

Carlos fez um retrospecto sobre as crises geradas pelo sistema capitalista que afligiram o mundo e de como elas foram contornadas com a ajuda do Estado. Só a pressão das entidades representativas do povo é que pode amenizar os efeitos sociais da crise e a ofensiva oportunista dos patrões. “Do ponto de vista do capitalismo se não há uma iniciativa das entidades em parceria com a classe trabalhadora para defender os interesses populares, a crise tende sempre a prejudicar mais os mais pobres”, finalizou.

Fonte: Portal CTB