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Social-democracia alemã deve perder mais votos

Na véspera da eleição parlamentar deste domingo (27) na Alemanha, duas perguntas restam para serem respondidas pelos 64 milhões de eleitores. Primeiro, se a primeira ministra de centro-direita, Angela Merkel, conseguirá força para se livrar da "Grande Coalizão" com os social-democratas. E segundo, quantos eleitores dos social-democratas perderão desta vez, para os Verdes e sobretudo para o novo partido Die Linke (A Esquerda).

É dado como garantido que a União Cristã-Democrata (CDU), partido de Angela Merkel, será o mais votado. A maioria dos alemães parece partilhar a percepção de seus vizinhos europeus, de que em tempos de crise o conservadorismo é melhor.

Pesquisa Forsa deu 47% a 47%

Porém as pesquisas não dão uma vantagem nítida para o bloco de centro-direita. Há quatro anos, uma indefinição semelhante no resultado da eleição parlamentar de 2005 forçou o nascimento da "Grande Coalizão" (antes, eram os social-democratas que governavam). Agora, a pesquisa feita pelo instituto Forsa e divulgada na rede de TV RTL e na revista Stern, nesta sexta-feira (25) mostra outro empate.

O CDU teve 33% das intenções de voto. O Partido Social-Democrata 25%. O Partido Liberal-Democrata (FDP), velho aliado do CDU, obteve 14. Die Linke ficou com 12% e os Verdes 10%,

Somados os blocos, o centro-direita (CDU mais FDP) totaliza 47%. E o centro-esquerda (SPD, Verdes e Linke)… 47% (em uma soma hipotética, pos os social-democratas já avisaram que não se coligarão com o Linke).

Comparados com os resultados da eleição de 2005, a sondagem mostra o seguinte quadro: o CDU perde 2,2 pontos; o SPD desaba 9,2 pontos (!), o FDP ganha 4,2; os Verdes ganham 1,9; e Die Linke ganha 2,3 pontos.

O Linke foi fundado em 2007, através de uma fusão: o PDS (Partido Democrático Socialista), dos comunistas, forte no Leste do país, e uma ala esquerda dos social-democratas. Fez bonito em 2005, obtendo 8,7% dos votos (contra 4,0% do PDS e, 2002) e 54 deputados num total de 614. Neste domingo, as pesquisas apontam novo crescimento.

Tensões internas na Esquerda

Mas o partido também paga um preço por sua origem em uma aliança de duas organizações. Para Bruno Odent, enviado especial do diário francês L'Humanité, "a única interrogação sobre a preformane de Die Linke poderia vir dele mesmo: as tensões internas (entre partidários de 'uma social-democrtacia melhor' e os das diversas correntes mais radicais) estão longe de terem sido superadas. Posta de molho durante a campanha, a querela permanece; o partido diverge há três anos sobre a adoção de seu programa, e continua à sua procura."

O partido se diferenciou da "Grande Coalizão" que inclui os direitistas do CDP mas também os social-democratas e os verdes. No plano social, defende os trabalhadores face ao espectro da crise, cujas consequências sobre o emprego devem se fazer sentir nas próximas semanas. Também desafia o consenso em favor da participação de tropas alemãs na ocupação do Afeganistão, sob o patrocínio dos Estados Unidos. A morte de 30 civis afegãos num bombardeio ordenado por um coronel alemão, no início do mês, impactou fortemente a opinião pública do país.

Outro problema para o crescimento da Esquerda é o sistema eleitoral alemão – que obedece ao chamado voto distrital misto. Dos 614 deputados, metade (299) é eleita por voto distrital e metade (315) por listas partidárias fechadas. Em 2005 Die Linke elegeu 51 deputados através da sua lista, e apenas três no sistema distrital.

Da redação, com agências