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Angela vence, mas 'A Esquerda' avança 4 pontos na Alemanha

A União Democrata-Cristã (CDU), o partido de centro-direita da chanceler alemã, Angela Merkel, venceu as eleições gerais deste domingo (27), podendo formar um governo sem ajuda dos social-democratas. Segundo a pesquisa de boca-de-urna divulgada na TV pública ZDF, o partido de Angela e seus aliados conservadores terão 320 deputados, maioria num parlamento com 616 cadeiras. Mas Die Linke ("A Esquerda") avançou de 8,7% para 12,9%.

Conseguir maioria no Bundestag sem necessidade de recorrer ao Partido Social-Democrata (SPD) era o objetivo dos conservadores na consulta aos 62 milhões de eleitores alemães. A julgar pela boca-de-urna, ele foi atingido – embora o sistema distrital misto usado no país deixe lugar para surpresas. O resultado confirma a tendência à direita que tem prevalecido entre os eleitores europeus, intimidados pela crise econômica.

Uma eufórica Angela Merkel anunciou os resultados. "Conseguimos qualquer coisa de formidável. Conseguimos alcançar nosso objetivo eleitoral de uma maioria estável na Alemanha, para um novo governo", avaliou ela.

Angela não se indispôs com o SPD, dizendo que quer ser "a chanceler de todos os alemães". Mas deixou claro que deseja acabar com os quatro anos de governo da "Grande Coalizão", que além do centro-direita incluía os social-democratas e os Verdes.

A pesquisa mostrou uma ligeira queda no desempenho do CDU, medido em número de votos. Mas ele foi contrabalançado por um avanço dos seus aliados do Partido Liberal (FDP). A tabela acima compara os dados da boca-de-urna com os resultados por partido na eleição anterior, de 2005.

O fenômeno da eleição deste domingo, a julgar pela boca-de-urna, é o desastre do SPD. Foi o seu pior resultado desde o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945.

O partido de centro-esquerda moderada, que governou a Alemanha até a posse de Angela em 2005, despencou de 34,2% para 23,3% dos votos. A julgar por esses números, o eleitor alemão não aprovou os quatro anos de participação social-democrata numa coalizão sob hegemonia conservadora.

Em contraste, os Verdes, mesmo estando na "Grande Coalizão", recuperaram com folga seu recuo de 2005, chegando a 10,2% dos votos. E uma boa parte dos descontentes com o SPD migraram para Dia Linke, o partido fundado em 2007 por comunistas e social-democratas de esquerda. Em 2005 Die Linke já participou, ainda como coligação e não partido, e teve 8,7% dos votos. Agora, passou para 12,9%, um aumento de 4,2 pontos.

Jean-Luc Mélenchon, que formou na França o Parti de Gauche, conforme o modelo de Die Linke, aproveitou para chamar a esquerda francesa a meditar sobre os resultados eleitorais alemães. Para ele, o "miserável fracasso" do SPD contrasta com o "notável escore" do Linke, marcadamente mais à esquerda.

De agora por diante, o Partido Social-Democrata da Alemanha precisará olhar não só à direita mas também à sua esquerda na hora de decidir o que fazer. E a hora é agora, pois um inevitável ajuste de contas internos espera o Day After do fiasco eleitoral.

Da redação, com agências