Fortalecer movimentos sociais é meta do PCdoB

Reeleito, Edvaldo ressalta que o partido se mantém um dos maiores guardiões da unidade da Frente Popular e vai sempre reforçar esta posição.

Reeleito, Edvaldo fará mudanças na forma de atuação do PCdoB

O presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães, reeleito presidente do Comitê Estadual do PCdoB neste final de semana, anunciou mudanças no funcionamento do partido. "Da forma como está não vamos dar conta, pois o PCdoB aumentou muito de tamanho", declarou durante a Conferência Estadual que terminou na tarde de domingo, 27. De acordo com ele, o novo comitê estadual vai dar prioridade ao fortalecimento dos movimentos sociais, o que significa "uma retomada de trincheiras".

O partido, segundo Edvaldo, deverá fechar as estatísticas com algo em torno de 10 mil filiados, dos quais cerca de 1600 tiveram suas fichas abonadas durante o ciclo de 22 conferências municipais realizadas nos últimos 60 dias. Neste domingo, no último dia da conferência, foram filiados outros 40 novos e velhos comunistas, como a professora Didi Magalhães, militante do partido nos anos de chumbo da ditadura quando vivia no Rio de Janeiro. "Eu vi muitos companheiros serem presos, torturados e banidos do País", declarou durante a cerimônia de filiação.

Junto com a professora Didi, a deputada federal Perpétua Almeida abonou a ficha de filiação da estudante Lara Flor, de 15 anos, que ainda nem tirou o título de eleitor. "O PCdoB contagia, é o partido que mais atrai os jovens no País", atestou Perpétua.

Ontem, também foi oficializada a mudança para o PCdoB do advogado André Assem, ex-PTC, de Epitaciolândia e da professora Iamar Pinheiro (ex-PT). "Aqui todos serão tratados com o mesmo respeito. Tanto o Lacerda (veterano vereador de Brasileia) como o André Assem, que está chegando agora", ressaltou Edvaldo.

Iamar fez um discurso comovente. Ela é filha do sindicalista Wilson Pinheiro, primeiro líder sindical assassinado no Acre, em 1980. "O PCdoB é a cara do meu pai", disse ela. O presidente nacional do partido, Renato Rabelo, aproveitou o discurso de Iamar para lembrar aos militantes que o partido foi construído por mártires desde o período do Estado Novo até a guerrilha do Araguaia.

Uma das surpresas entre os novos filiados é um o nome da empresária Íris Tavares, que começou a vender roupas em uma garagem há 30 anos e hoje tem uma das maiores lojas de confecções de grife de Rio Branco com filial em Cruzeiro do Sul. "Eu fiquei um tempo de namoro com o PCdoB e agora decidi me casar", declarou. O presidente da Câmara dos Vereadores de Rio Branco, Jessé Santiago (PSB), que participou da cerimônia no domingo, se declarou traído. "Enquanto ela namorava com o PCdoB, nós a cortejávamos", disse.

Partido lançará chapa própria em 2010

O PCdoB pretende ampliar sua bancada de deputados estaduais elegendo três nomes em 2010. Para tanto, segundo anunciou o deputado Edvaldo Magalhães, o partido vai lançar chapa fechada em 2010. A estratégia, segundo ele, é resultado das experiências equivocadas na campanha eleitoral nos municípios em 2008.

Edvaldo lembrou que em Marechal Taumaturgo o partido lançou oito candidatos em uma coligação, obteve 700 votos e não elegeu nenhum vereador. "Fosse chapa própria teria feito pelo menos dois vereadores", argumentou.

Em seu balanço do partido apresentado domingo no segundo dia da Conferência Estadual, Edvaldo criticou os enfrentamentos de partidos da Frente Popular nas eleições municipais. Segundo ele, isso poderia ter sido evitado se houvesse um comando central. "A unidade da Frente Popular foi quebrada por gula, estreiteza ou burrice política. Se engalfinharam e pegaram balsa", disse.

Edvaldo ressaltou que o PCdoB é um dos maiores guardiões da unidade da Frente Popular e vai sempre reforçar esta posição pois não vê outro projeto político nos partidos da oposição. "Nós precisamos nos reencontrar para cimentar esta unidade, ferida nas bases por causa das eleições nos municípios", afirmou.

Dinheiro para a produção rural

Os trabalhadores rurais, antiga base comunista no Brasil, vão ter uma atenção especial neste novo mandato de Edvaldo Magalhães. O deputado criticou a ação dos órgãos ambientais e do Governo em particular pela repressão contra as queimada sem oferecer alternativas. "Talvez por falta de convivência, os fiscais andam com um bloco de papel e uma caneta, que nem guardas de trânsito, ávidos por aplicar multas", comentou.

Edvaldo lembrou que a Frente Popular do Acre tem moral e crédito para chegar ao BNDES ou qualquer outra instituição financeira e pedir crédito para investir em tecnologia para substituir o fogo.

Em seu balanço sobre os 12 anos de Governo da Frente Popular, Edvaldo vê o governador Binho Marques construindo um processo administrativo que torna a máquina mais moderna e republicana. "Um modelo de inclusão", analisa.

João Maurício