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"Mães de Maio" realizam ato na estréia do filme "Salve Geral"

Nesta sexta-feira (2/10), o movimento "Mães de Maio", formado por familiares, amigos e amigas das vítimas dos ataques da polícia durante chacina conhecida por "Crimes de Maio", no ano de 2006, realizam ato durante estréia do filme "Save Geral – o dia em que Sao Paulo parou" em frente ao Espaço Unibanco de Cinema em São Paulo (SP), a partir das 18 horas.

A Mães de Maio pede que os participantes levem velas, tambores, fotos e camisetas das vítimas históricas do Estado Brasileiro, em particular das vítimas dos “Crimes de Maio” de 2006. O objetivo do ato é protestar contra a criminalização da juventude negra e pobre das periferias brasileiras e denunciar o uso comercial desta realidade, como consideram que foi feito no filme "Salve Geral".

Estrelado por Andréa Beltrão, "Salve geral" aborda os conflitos ocorridos em São Paulo em maio de 2006 a partir de uma mobilização promovida pelo Primeiro Comando da Capital. Em ritmo de thriller, o filme mostra as reações da mãe de um preso aos ataques do PCC. O longa-metragem dirigido por Sérgio Rezende foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010.

"Nós não queremos saber de ficção, queremos saber da realidade!", afirma Débora, mãe de uma das vítimas dos ataques da polícia em maio de 2006. As "Mães de Maio" defendem que, embora a chacina tenha sido nomeada pela grande imprensa de "ataques do PCC", a maioria das mortes (mais de 400) teria sido praticada por agentes policiais e grupos de extermínio ligados ao Estado. Reclamam ainda que os familiares das vítimas da chacina não foram ouvidos durante a produção do filme, que classificam "hollywoodiano". "Não fomos consultados nem convidados pra mais essa festa que os homens armaram pra nos convencer… Viemos contar nossa história real, que também daria um filme", escrevem na convocatória do ato.

Blog das Mães de Maio

Em seu blog, a Mães de Maio contam a história da chacina de 2006, citam uma lista de episódios similares: a Chacina da Candelária e de Vigário Geral no Rio de Janeiro (1993), o Massacre de Corumbiara em Rondônia (1995), o Massacre de Eldorado dos Carajás (1996), a Chacina da Baixada Fluminense (2005), a chacina do Complexo do Alemão (2007) a chacina de Canabrava, de Plataforma e a matança generalizada em Salvador na Bahia (2006-2009). "Isso para não falar das violências e execuções sumárias cotidianas que atingem sobretudo as periferias urbanas de todo país", alerta o texto publicado no blog. O movimento apresenta ainda palavras de ordem contra a criminalização e o extermínio da juventude pobre e negra das periferias brasileiras. 

As Mães de Maio lembram que a estréia de "Salve Geral" coincide com outra data que é um marco emblemático da injustiça e da violência do Estado Brasileiro, o Massacre do Caradiru, que também já inspirou filme nacional.

Pesquisa divulgada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Unicef e Observatórios de Favelas, no dia 21 de julho de 2009, demonstra que, se as estatísticas permanecerem como estão, mais de 33,5 mil jovens terão sido executados no Brasil no curto período de 2006 a 2012. Os estudos ainda apontam que, os jovens negros apresentam risco quase três vezes maior de serem executados em comparação com os brancos.

A assessoria de imprensa do filme "Salve Geral" foi contatada mas não havia dado resposta até a publicação desta matéria.

Serviço:
Ato na estréia do filme "Salve Geral"
Sexta-feira (02/10), às 18hs
Em frente ao Espaço Unibanco de Cinema
(Rua Augusta, 1475 – próximo à esquina com a Av. Paulista)