PF pede prisão do suspeito de furtar provas do Enem
A Polícia Federal pretende pedir nesta segunda-feira (5) à Justiça que determine a prisão preventiva de Felipe Pradella, suspeito de furtar e de tentar vender a jornalistas, com, pelo menos, um cúmplice, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que seriam aplicadas no fim da semana passada.
Publicado 05/10/2009 15:36
Pradella fora contratado como temporário pelo Instituto Cetro, uma das três empresas do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel), para trabalhar na arrumação de caixas dentro da Plural Editora e Gráfica, que imprimiu e embalou as provas.
“Esse suspeito trabalhou à noite aqui, e eu entendo que é muito possível que a gente tenha registrado isso em filme”, disse ao Fantástico, da Rede Globo, o diretor da empresa, Carlos Jacomine, que entregará à PF mais de 1.200 horas de gravação do circuito interno de TV.
Dos três suspeitos já identificados, Felipe Pradella era, até a noite passada, o único que a Polícia Federal ainda não havia localizado. No sábado, a PF ouviu e indiciou na superintendência de São Paulo, por violação de sigilo funcional, o DJ e estudante de Direito Gregory Camillo de Oliveira Craid, que mora em Osasco (SP), e Luciano Rodrigues, publicitário e dono de pizzaria numa das “áreas nobres” de São Paulo.
Gregory, filho do diretor da Câmara de Vereadores de Barueri (SP), advogado Antônio José Craid, foi quem apontou Pradella, seu amigo “há quatro ou cinco anos”, como aquele que obteve e lhe entregou as provas do Enem. Também foi Gregory quem acompanhou Pradella nos encontros com uma jornalista de O Estado de S. Paulo e outra da Folha de São Paulo para tentar vender-lhes as provas por R$ 500 mil. Fotos dos dois foram publicadas por O Estado de S. Paulo na edição de sábado.
Luciano Rodrigues, conhecido de Gregory, foi quem, a pedido dele, intermediou na quarta-feira os encontros com as jornalistas, valendo-se das relações que fez na redação do jornal O Estado de S. Paulo, onde trabalhou como publicitário durante 15 anos. Rodrigues alegou, no depoimento, que desconhecia a intenção de Gregory de vender as provas e que sua intenção foi levar à imprensa um “furo jornalístico de grande importância”
Na avaliação da PF, onde as investigações estão sob o comando dos delegados Osvaldo Scalezi Junior, Marcelo Sabatini e Cecília Machado Mechita, o crime foi praticado por um “grupo amador”. Mas ainda há dúvidas sobre o tamanho do grupo. Os depoimentos colhidos até aqui oferecem indícios da participação de, pelo menos, uma quarta pessoa. E a PF quer saber de Pradella, entre outras informações, se ele conseguiu a prova sozinho ou se a furtou com a cumplicidade de algum superior.
O inquérito da Polícia Federal deverá sugerir à Justiça que exija do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção o ressarcimento dos prejuízos que o vazamento das provas do Enem causou aos cofres públicos.
Fonte: Brasília Confidencial