Sem categoria

Missão da OEA deixa Honduras sem conseguir acordo

A missão diplomática da Organização dos Estados Americanos (OEA) encerrou sua visita, nesta quinta-feira (08), a Honduras, com o apelo para que as partes em conflito trabalhem com o objetivo de firmar o acordo de San José, que exige a restituição do presidente constitucional, Manuel Zelaya. Sem conseguir fazer avançar uma solução para a crise, a entidade também solicitou ao governo golpista que restitua, na prática, as garantias constitucionais na nação.

O informe final, lido ao terminar a última reunião entre os representantes do regime de Roberto Micheletti, a OEA e os delegados enviados por Zelaya, destacou que o diálogo continuará, mas em mesas de trabalho. Apesar de o ditador ter dito que o decreto que suprimia garantias constitucionais seria suspenso, a OEA verificou que meios de comunicação permaneciam fechados e que a repressão contra manifestantes persistia. A entidade solicitou, então, no texto, a restituição total das garantias.

Além disso, os chanceleres pediram "normal acesso e consulta do presidente Zelaya a seus representantes". De acordo com o comunicado, "a missão solicitou igualmente que se resolva o problema da embaixada do Brasil e que sejam garantidas ao presidente Zelaya condições de vida e trabalho condizentes com sua alta dignidade".

A missão manifestou seu convencimento de que o diálogo pode levar à superação da crise política no país, gerada pela deposição do presidente eleito de Honduras, Manuel Zelaya, no dia 28 de junho. "A missão da OEA está convencida de que o diálogo iniciado com participação direta das partes pode levar à superação da crise política enfrentada pelo país", ressalta a organização, em uma declaração em Tegucigalpa, onde a missão se encontra desde ontem.

A OEA, que acompanhou o início do diálogo, "tem a esperança de que os integrantes da mesa assumam plenamente a responsabilidade que foi encomendada e de que seu trabalho permitirá abrir o caminho que poderia levar Honduras à recuperação da ordem democrática", segundo o comunicado.

Victor Meza, ministro de Governo de Zelaya, disse a jornalistas que, "até o momento", estão "satisfeitos com os resultados", porque foi elaborada uma agenda para o diálogo. Meza, integrante da delegação de Zelaya no diálogo, enfatizou que o prazo para se chegar a um acordo dado ao presidente deposto vence no dia 15 de outubro.

Já o coordenador geral da Frente Nacional de Resistência contra o golpe de Estado, Juan Barahona, disse que o diálogo iniciado ontem não teve avanços e que "está em ponto morto".

Para legitimar as eleições

O chileno John Biehl, um dos membros da missão da OEA em Honduras afirmou que a não restituição do presidente Manuel Zelaya pode dificultar a realização das eleições gerais no país, marcadas para 29 de novembro. "A situação é complicada e, se Manuel Zelaya não voltar, movimentos sociais não vão permitir as eleições de novembro, que poderiam ser militarizadas, violentas, e a pessoa eleita pode não ter governabilidade", destacou o diplomata, em entrevista à rádio Cooperativa.

Ao comentar sobre situação atual de Honduras, John Biehl informou que "as coisas podem piorar", mas "ninguém quer que elas piorem". "Portanto, estamos aplicando também na política alguns conceitos da economia: qual é o custo benefício para Honduras", detalhou o diplomata, respondendo imediatamente que "o custo mais barato, mais nobre, é a restituição do presidente Zelaya, com as condições que eles mesmos vão impor e que atualmente estão sendo dialogadas cara a cara aqui em Honduras".

"Não há nenhuma dúvida que o benefício para Honduras e o custo que poderiam pagar variaria enormemente se eles restituíssem o presidente Zelaya", concluiu. Segundo ele, as reuniões com a presença da OEA foram um "passo importante em circunstâncias extremamente complicadas, porque os níveis de angústia e de conflitos emocionais estão altos. Mas há uma esperança e a mesa de diálogos é a única saída", emcerrou.

Com agências

Leia também:
NYT: Golpistas de Honduras contratam lobistas nos EUA
OEA quer que Zelaya saia da embaixada em segurança
Zelaya: Micheletti desafia mundo e leva Honduras ao abismo