Militares hondurenhos espionam embaixada do Brasil
Os militares hondurenhos colocaram plataformas diante da embaixada do Brasil em Tegucigalpa – onde está refugiado o presidente deposto, Manuel Zelaya – para observar o interior da sede diplomática, denunciou nesta quinta-feira o diplomata brasileiro Lineu de Paula.
Publicado 09/10/2009 12:23
"Não sabemos o que querem, mas isto é um absurdo, não têm o direito de olhar o interior de nossa sede, ignoram que isto é uma representação diplomática", disse o funcionário à AFP por telefone. Segundo Lineu de Paula, a situação será informada à chancelaria brasileira, à Organização dos Estados Americanos (OEA) e às Nações Unidas (ONU).
Zelaya, derrubado por um golpe de Estado em 28 de junho passado, está abrigado na embaixada brasileira desde que voltou secretamente ao país, no dia 21 de setembro. O governo de fato de Honduras tem pressionado o Brasil para que declare Zelaya asilado político, e já ameaçou ignorar o status diplomático da embaixada do Brasil, mas garante que não invadirá o local, cercado por militares e policiais.
Na quinta-feira (08), o cerco à embaixada restringiu ainda mais o acesso de alimentos e outros produtos ao prédio, com o veto de chocolate, biscoito, frutas e roupas novas. Funcionários da ONU que estiveram no prédio diplomático ontem afirmaram que os policiais só permitirão a entrega de lâmpadas novas se a embaixada entregar velhas.
As novas restrições entram numa longa lista de produtos vetados, como cigarros, colchonetes, lençóis, entre outros. Os funcionários da ONU, porém, não souberam dizer se os vetos de ontem serão permanentes.
O contingente também parece ter aumentado. Ontem, a reportagem da Folha de S.Paulo subiu com uma escada no muro dos fundos da embaixada para tirar fotos do acampamento militar que está sendo ampliado no terreno vizinho ao da representação brasileira. Um dos soldados percebeu e ameaçou "dar um tiro".
No mesmo dia, o repórter-fotográfico de O Estado de S. Paulo, Wilson Pedrosa, foi alvo de pedradas de militares, por cima do mesmo muro. Uma delas atingiu seu braço, mas não provocou ferimentos.
Atualmente, estão abrigados na embaixada 64 pessoas, dos quais cerca de 50 pertencem ao grupo de Zelaya. O prédio, uma mansão adaptada, tem 400 m2 e seis banheiros, dos quais três têm acesso restringido.
Com agências