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Nicarágua: Etnia miskita pede independência

Dirigentes da etnia miskita, que habita a costa do caribe nicaraguense, exigiram nesta quarta-feira (14) sua independência da Nicarágua, e disseram que a exploração de recursos na área não beneficia a seus legítimos donos. Em uma carta dirigida ao presidente do país, Daniel Ortega, eles pedem que se inicie um diálogo com o fim de "aceitar pacificamente a restauração do Estado independente de la Miskitia".

Segundo a carta, uma convenção da etnia decidiu defender "seus interesses históricos e a integridade territorial ante qualquer agressão e, em consequência, nossas comunidades encabeçadas por seu chefe de Governo se preparam para garantir seus direitos humanos, dmeocráticos e libertários".

O governo de Ortega ainda não havia respondido, netsa quinta-feira, às exigências dos separatistas. "O povo moskito tem sido guerreiro e por isso não foi conquistado e, ante uma agressão, está o direito de defesa", disse Oscar Hodgson, representante legal do Conselho de Anciãos miskito à AFP.

Os miskitos constituem 2,2% da população da Nicarágua, estimada hoje em 5,6 milhões. Durante seu primeiro governo, Ortega enfrentou uma rebelião de uma etnia miskita, que resistia a mudanças de seus costumes e da cultura ancestral, pela imposição da alfabetização em espanhol. Isto obrigou o governo sandinista a implementar o ensino em lingua miskito, sumo e inglês.

Em 1982, algumas comunidades miskitas, enraizadas na zona mais pobre da Nicarágua, chegaram a se envolver com os 'contras' em ações armadas contra o regime sandinista. Algumas comunidades criaram a organização Yamata (mãe terra, em miskito), que após o fim do conflito armado se converteu em partido político e, nas eleições municipais de 2008 e nos comícios regionais seguintes se aliou com a governante Frente Sandinista.

Segundo a carta a Ortega, a independência da Moskitia foi aprovada por 380 comunidades indígenas em abril, com um período de seis meses de transição, que termina em 19 de outubro.Os dirigentes também chamaram o tribunal eleitoral da Nicarágua a não celebrar eleições partidárias em Moskitia, rechaçando o pleito convocado para março no Caribe para eleger governos locais autônomos.

A carta menciona que, desde a incorporação da Costa Atlântica a Nicarágua, em 1894, aos miskitos lhes foi negado o direito de controlar os seus recursos e ter seus próprios sistemas de governo. Até 1894, os miskitos – assentados muitos séculos atrás na zona do Caribe – viveram sob um protetorado britânico.

Com informações de Nacion.com