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Diário do Povo: Por que a China escapou da "teoria do colapso"?

Neologismos como a 'Chimérica' (China + América) e o G2 aparecem constantemente nos principais meios de comunicação ocidentais e dão a impressão de que a China, enquanto grande potência emergente, estaria em pé de igualdade com os Estados Unidos, que única superpotência de fato em nosso mundo. Será?

Da redação do Diário do Povo*

É claro é que a China ainda não tem a força e poder para tanto. No entanto, o rápido desenvolvimento econômico ao longo dos últimos trinta anos, e uma atitude enérgica e vigorosa face à atual situação de retrocesso na economia mundial, fazem o mundo refletir seriamente sobre o segredo que mantém o dinamismo e vitalidade da China.

Não foi fácil para o país enveredar pelo caminho de desenvolvimento hoje garante seu sucesso. Na busca de uma via que realmente se adapte à realidade da China e propicie o desenvolvimento, o Partido Comunista da China (PCCh) sofreu muitos reveses, percorreu um caminho repleto de dificuldades, obstáculos e tropeços e enfrentou incontáveis desafios.

Durante as seis décadas desde o advento da nova China [com a vitória da revolução em 1949], houve quem sempre manifestasse dúvidas sobre este país socialista, o mais populoso do mundo, apontando a ameaça iminente de um 'naufrágio' ou 'colapso'.

Já na fundação da República Popular da China, muitos questionaram a capacidade desse partido político, que representa principalmente o proletariado, a classe operária, cujos membros são principalmente camponeses, pudesse dirigir um país tão grande epopuloso.

Dentro do Partido Kuomintang [derrotado pela revolução], afirmava-se que a China Vermelha iria desmoronar de uma hora para outra e o principal motivo seria a incapacidade de seus líderes para alimentar e sustentar uma população de 500 milhões de habitantes. Por outro lado, o regime revolucionário vermelho carecia de experiência de exercício do poder e não tinha praticamente nenhum conhecimento sobre como construir um possante país, moderno e industrializado.

Desde então, a China passou por severos testes em na sua construção e desenvolvimento, tais como a Guerra da Coreia, o "Grande Salto Adiante" e três anos de desastres naturais. Entre os muitos desafios que o país atravessou, a "Grande Revolução Cultural", que durou dez anos, conduziu a nação para a borda do precipício e ela esteve muito perto de desmoronar…

Durante a Guerra Fria, a existência da China foi ameaçada pelos países que praticavam o hegemonismo e tinham em mente um ataque nuclear contra ela.

Mas a China continuou a existir. E foi capaz de produzir o milagre do desenvolvimento.

O professor Wang Yukai, do Instituto Nacional de Administração indica que, na realidade, desde o aparecimento precoce da nova China, e inclusive nos períodos do 'Grande Salto Adiante', da 'Revolução Cultural' e outros, a China não se empenhou em refutar a ideia do mundo exterior que a situava na iminência do colapso. Naquele momento, segundo Wang, a China eo Ocidente eram antagonistas que se opunham. A China era relativamente fechada e se concentrava em resolver seus problemas internos,superar as dificuldades que a assaltavam de todos os lados.

Em 1978, a China optou por um novo caminho para garantir o seu futuro. Desde então, a emergência da China produziu furtivamente não poucas mudanças no cenário internacional. Sob a liderança de Deng Xiaoping, os reformadores chineses tomaram a decisão de abrir a China ao mundo exterior e desenvolveram um novo modo de desenvolvimento econômico, que mais uma vez atraiu a atenção geral.

Embora a China tenha alcançado notável sucesso em seu desenvolvimento econômico, as pressões e os desafios nunca desapareceram.

No fim da primavera e início do verão de 1989, a agitação política que eclodiu em Pequim, a capital, fez o mundo ocidental pensar que era um sinal do colapso e da derrocada do Poder Vermelho na China.

O desmoronamento e aniquilamento da antiga União Soviética, em 1991, convenceu muitos ocidentais de que seria impossível que a via do "socialismo com características chinesas" pudesse continuar a existir.

Lester R. Brown, fundador e diretor do instituto americano Earth Policy Institute, publicou em 1994 um artigo intitulado Quem fará a China viver?, no qual descreve uma situação angustiante e sombria. Segundo ele, o país mais populoso do mundo não teria como evitar grandes dificuldades, principalmente a penúria de alimentos, em especial de cereais, que provocaria distúrbios e acarretaria grandesdesgraças para toda a humanidade.

A adesão da China à OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001, provocou mais uma vez contestações de alguns estudiosos e especialistas ocidentais, que puseram em dúvida a continuidade e durabilidade do desenvolvimento econômico acelerado na China. Alguns deles disseram que "as empresas estatais chinesas, fracas, vulneráveis e esclerosadas", seriam "incapazes de sobreviver" após a adesão da China à OMC e seu colapso, certamente, provocaria um pânico generalizado na sociedade chinesa.

Gordon Chang, um advogado norte-americano de ascendência chinesa, que trabalhou vinte anos na China, previu o colapso repentino da China em um prazorelativamente curto.

Chang chegou mesmo dizer que o sistema político e econômico implementado pela China permitiria, na melhor das hipóteses, uma sobrevida de cinco anos… Asseverou que a economia chinesa já estava em declínio, começando a entrar em colapso, e afundaria antes, não depois, dos Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim!

Com o tempo, que se move inexoravelmente, a economia chinesa mantém seu rápido crescimento. Especialmente agora, que a economia global fraqueja e se deprime, ela continua a se comportar com vigor. Esta realidade nega e refuta a 'previsão' de Gordon Chang e seus semelhantes, que tombaram por terra por si sós.

Wang Yukai disse que os frequentes erros de julgamento sobre a China nos países ocidentais residem num problema da "posição". Os países ocidentais ainda observam a China sob um prisma cheio de idéias preconcebidas, que não permitem constatar clara e explicitamente a lógica indutiva interna do desenvolvimento chinês.

O professor agrega ainda que o mundo ocidental também pensa que a política de reforma e abertura da China fará com que seu sistema econômico gradualmente se converta num sistema econômico de mercado, que mudará radicalmente o sistema político, e no fim das contas a China aderirá ao modelo ocidental. Mas o que é certo e seguro é que a China tem um modelo específico de desenvolvimento, que se adapta à sua realidade.

Antes um país relegado ao ostracismo pelo Ocidente, a China é agora uma nação que avança e progride, em passos seguros, para se tornar uma potência mundial. Seu modelo de desenvolvimento é cada vez mais aceito e reconhecido pelo mundo.

Fonte: http://french.people.com.cn