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Após 42 anos, família e Fidel devem receber diário de Che Guevara

O governo da Bolívia enviará as cópias de dois cadernos do diário do guerrilheiro Ernesto Che Guevara ao líder cubano Fidel Castro e a seus familiares que vivem em Havana. “A família de Che terá acesso a uma cópia dos diários por meio do embaixador (de Cuba na Bolívia) Rafael Dausá, que, certamente, também fará com que um exemplar chegue ao comandante Fidel”, disse neste sábado (17) o ministro boliviano da Cultura, Pablo Groux, à imprensa estrangeira.

O ministro afirmou que, "42 anos depois (da morte de Che na Bolívia), a família e o próprio Fidel Castro vai poder apreciar em sua integridade, e da forma mais parecida com a original, todos esses escritos do diário de Che". Os originais do diário contido em dois cadernos, denominados a "caderneta escolar" e a "agenda alemã", estão nos depósitos do Banco Central da Bolívia com a classificação "segredos de Estado".

Os dois materiais foram apreendidos pelo Exército boliviano em outubro de 1967, depois que Che foi detido e executado sumariamente. O diário de do guerrilheiro chegou a ser roubado por militares bolivianos que tentaram vendê-lo no Reino Unido — mas foi recuperado pelo Estado boliviano no início da década de 1980.

Perfil

Ernesto Guevara Lynch de la Serna, o Che, nasceu em 14 de junho de 1928 em Rosário, na Argentina. Ele era o mais velho de uma família de cinco filhos de ascendência espanhola e irlandesa. Apesar da vontade de estudar engenharia, ingressa em 1948 na Universidade de Buenos Aires para estudar medicina. Durante o período de estudo, passa grande parte do tempo viajando pela América Latina.

Em 1955, Che se casa com Hilda Gadea e tem sua primeira filha. No mesmo ano, conhece Fidel Castro em uma viagem para o México. Fidel vivia exilado no país, depois da tentativa fracassada de tomar o quartel de Moncada, em Cuba. A empatia entre os dois é imediata. No ano seguinte, em dezembro, Fidel, Che e mais 80 rebeldes partiram para Cuba. Eles se estabeleceram em Serra Maestra, onde iniciaram uma guerrilha de sucesso, que resultou na queda do presidente cubano Fulgêncio Batista.

Fidel, Che e Camilo Cienfuegos — que morreria em 1959 — foram os principais líderes da Revolução Cubana. Fidel assumiu o poder em janeiro daquele ano, enquanto Che teve posição de destaque no governo revolucionário, ocupando, entre outros, o cargo de ministro da Indústria.

Os últimos anos

No início dos anos 60, Che realizou uma série de viagens pelo mundo, visitando países como China e a ex-União Soviética. Em 1961, ele passa pelo Brasil, quando é condecorado pelo então presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Decidido a propagar os ideais da revolução comunista, até então bem-sucedida em Cuba, Che deixa o país em 1965. Seu destino é o Congo, na África, e seu objetivo, como ele mesmo disse na época, era "enfrentar o imperialismo em outro fronte". No país africano, ele inicia uma guerrilha armada, com o apoio de alguns rebeldes cubanos, que logo fracassa.

O próximo passo de Che é a Bolívia, que, como quase todos os países latino-americanos na época, vivia sob uma ditadura militar, apoiada pelos Estados Unidos. No território boliviano, a tática foi a mesma: guerrilha. Sem a ajuda dos camponeses locais e em dificuldades por causa do pequeno número de guerrilheiros, a incursão não obtém êxito.

Em 8 de outubro de 1967, Che é capturado por militares bolivianos, que tiveram o apoio da CIA (a nefasta agência de inteligência norte-americana). No dia seguinte, 9 de outubro, ele é morto com oito tiros na pequena aldeia de La Higuera, onde seu corpo foi enterrado. Há 12 anos, em 1997, seus restos mortais foram encontrados e transferidos para a cidade de Santa Clara, em Cuba.

Da Redação, com agências