Parada gay reúne multidão no Centro de Salvador
“Ainda está no armário? Ótimo, assim fica mais fácil escolher com que roupa você vai”. Este foi o lema da 8ª Parada do Orgulho Gay de Salvador, que pintou com as cores do arco íris as ruas do Centro de Salvador, neste domingo (25/10). O evento reuniu cerca de 800 mil pessoas para reivindicar o reconhecimento dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. A parada tem sido um instrumento importante de promoção de visibilidade e enfrentamento à homofobia na Bahia.
Publicado 26/10/2009 17:49 | Editado 04/03/2020 16:20
A festa foi animada por 10 trios elétricos, que fizeram o trajeto do Campo Grande até a praça Castro Alves, com som para todos os gostos, mas com uma pitada do estilo que mais faz a cabeça da galera LGBT: a música eletrônica. Também foi montado um palco em frente ao Campo Grande com a exibição de shows antes e no final da parada.
A juventude comunista marcou presença na Parada Gay com um trio da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União de Estudantes da Bahia (UEB) e da Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas (ABES), em parceria com o Conselho Estadual da Juventude (Cejuve).
“A Parada do Orgulho Gay cumpre um papel determinante para transformar a visão que a sociedade tem das relações diversas da heterossexual, pois ajuda a trazer para o dia-a-dia das pessoas a visão de que as lésbicas, gays, travesti , bissexuais e transexuais são pessoas comuns, que trabalham, vivem e amam. A União da Juventude Socialista acredita que isto é fundamental para a conquista de uma sociedade sem homofobia, menos machista e mais justa”, reforça o presidente estadual da UJS e do Cejuve, Juremar Oliveira.
O dia foi de festa, mas cores vibrantes das fantasias tentavam chamar à atenção também para outro problema grave: a violência contra os homossexuais. Nos últimos dois anos a Bahia foi o estado onde mais homossexuais foram assassinados – 24 homicídios em 2008 e 17 mortes até agosto de 2009. Isto demonstra que a violência anti-homossexual vem crescendo nos últimos anos, sobretudo no Nordeste, mesmo com a maior visibilidade e atuação do Movimento Homossexual Brasileiro e do governo Lula ter instituído o Programa Brasil Sem Homofobia.
Em 2008 foram documentados 190 assassinatos de homossexuais no Brasil, 55% a mais do que no ano anterior (122 mortes). A cada dois dias um GLBT é barbaramente assassinado. Menos de 10% dos criminosos são presos e sentenciados. Embora alarmantes estes números podem ser ainda piores, pois há muitos crimes em que a família esconde que o filho era gay ou pede que a polícia e os jornais não divulguem.
A Parada deste ano também serviu para comemorar os 30 anos do Grupo Gay da Bahia (GGB), ong que defende os direitos dos homossexuais. De penacho colorido na cabeça, o fundador do GGB, o antropólogo Luis Mott, falou sobre a importância da parada deste ano. “O GGB é fruto de um tapa na cara que levei de um machão que se incomodou porque eu estava com meu namorado no Farol da Barra. E hoje não é só uma micareta, um Carnaval, estamos aqui para protestar e lutar por nossos direitos. Esse ano 18 homossexuais foram assassinados na Bahia, que lidera o ranking nacional com esse tipo de crime. Basta, não podemos mais aceitar essa situação”, ressaltou.
De Salvador,
Eliane Costa