Uniban tenta apagar vídeo da jovem agredida por usar roupa curta

A Uniban pediu ao site YouTube a remoção de todos as imagens da aluna de 20 anos que foi hostilizada por ir a faculdade, no campus de São Bernardo do Campo, no ABC, usando um mini-vestido. A confusão, no dia 22, foi filmada e postada no site. Os vídeos mostram a jovem fugindo da agressão de dezenas de garotos e deixando a faculdade com escolta da PM. Veja dois vídeos que a TV Vermelho localizou no YouTube e que registram as cenas de agressão que agora a Uniban quer apagar.

Segundo a Uniban, uma equipe de quatro funcionários trabalha para rastrear os vídeos do YouTube desde quarta-feira (28). Assim que os arquivos são localizados, diz a universidade, os funcionários entram em uma área do próprio site e pedem sua despublicação.

Uma foto divulgada na internet mostra a estudante assistindo às aulas com o vestido que provocou toda a confusão. O caso chamou a atenção de especialistas em educação. Para Mário Sérgio Cortella, nada justifica a atitude agressiva dos alunos.

“A jovem tem o direito de utilizar a roupa que deseja, desde que ela não ultrapasse aquilo que é a norma coletiva, a convivência. Aqueles que reagiram de forma absolutamente exagerada, podiam tê-la reprovado do ponto de vista estético, se não desejavam a roupa daquele modo, mas, jamais, do ponto de vista ético, que é a agressão, a brutalidade, a violência, o desrespeito, a intolerância”, diz o educador.

A Universidade Bandeirantes (Uniban), por meio de nota, informou que irá abrir uma sindicância para apurar o que realmente aconteceu com a aluna de Turismo. A estudante foi alvo de ofensas de colegas, que a chamaram de "vagabunda", por estar usando uma minissaia. Alguns jovens chegaram a cercá-la e a intimidá-la.

"Nossa vida mudou"

O irmão da estudante que foi hostilizada, disse nesta sexta-feira (30) que a vida da família mudou após a repercussão do caso. Segundo ele, a irmã já estava sem ir à faculdade e ao trabalho desde o dia 23.

“Hoje a nossa vida mudou, minha filha não foi para a escola, não consegui almoçar na hora, minha mãe não conseguiu sair de casa”, disse o metalúrgico José Adriano de Arruda, de 32 anos. Para ele, a atitude dos alunos – que filmaram a jovem sendo atacada e postaram as imagens no site de vídeos YouTube – foi fruto de preconceito. “Tem um pouco de preconceito por parte dos alunos. Ela sempre usou essas roupas, e outras meninas também vão desse jeito.”

Arruda também reclamou do posicionamento da faculdade. “A faculdade também não tomou providência. Ela [a irmã] gosta de se arrumar, de usar salto, como acho que toda mulher gosta”, contou.

A jovem está no primeiro ano da faculdade de turismo e, segundo a família, namora um rapaz um pouco mais velho há alguns meses. Há um ano e nove meses, ela também trabalha em um mercadinho que fica quase em frente à sua casa, em Diadema, também no ABC.

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Fonte: Da redação com agências