Não à intolerância

Em discurso na Câmara dos Deputados, Manuela se solidarizou com a estudante expulsa de uma universidade pelos estudantes em São Paulo, "a intolerância com os que pensam de forma diferente é a base de uma ideologia que a história derrotou, mas que vez ou outra ainda se manifesta".

Manuela

Veja a íntegra do discurso

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero trazer ao debate neste plenário o recente episódio da estudante expulsa da sala de aula pelos colegas por estar usando um vestido curto.
A violência empregada pelos seus colegas mostra que há algo fora de ordem na nossa sociedade.
O fato em si merece a condenação de todos dado ao seu caráter autoritário e violento. Não existe nenhuma justificativa para a atitude fascista dos alunos, e para a passividade e certa cumplicidade da direção daquela unidade.
E foi chocante também a cobertura de determinados veículos que buscaram debater se a roupa da jovem era ou não "adequada".
A gênese deste raciocínio comporta a culpa das mulheres vítimas de violência sexual, das mães de crianças vítimas de abuso, e mesmo as agressões e assassinatos de homossexuais.
O aspecto mais grave da agressão sofrida pela jovem de São Bernardo do Campo é a reação coletiva da multidão, que segundo imagens divulgadas pela internet, mobilizou praticamente toda a universidade.
Nossa sociedade precisa debater com mais profundidade este triste episódio, pois ele demonstra de forma clara como é preciso avançar no debate sobre os direitos humanos.
Os direitos humanos são a base de nossa convivência em sociedade. Entendo que é difícil para os saudosistas dos tempos do arbítrio defender um sistema de regras que nos colocam de forma igual perante a lei e aos outros, mas este é arcabouço legal mínimo para uma democracia.
A intolerância com os que pensam de forma diferente é a base de uma ideologia que a história derrotou, mas que vez ou outra ainda se manifesta.
A transformação da vítima em culpada tem a mesma lógica e deve ser derrotada também.
Esta casa não pode ficar calada diante de tamanha violência, assim como não nos calamos diante do assassinato do índio Galdino nem da morte do trabalhador rural Brum.
Não iremos assistir passivos a esta e outras manifestações de intolerância.

Dep. Manuela d'Ávila