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José Reinaldo: Luta pelo socialismo exige solução concreta 

O Partido Vivo publica a seguir a íntegra da intervenção feita pelo secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho no dia 7, durante o 12º Congresso do PCdoB, onde ele trata da luta internacionalista contra o imperialismo e pelo socialismo. “A reflexão que os comunistas brasileiros fazemos é que a luta pelo socialismo (…) volta a entrar na ordem do dia não como vago ideal, não como intenção ou retórica, mas como questão concreta a exigir solução concreta”. Acompanhe.

O imperialismo não é invencível. Será derrotado

Saudamos com entusiasmo as delegações internacionais que assistem ao nosso 12º Congresso. A presença de tão numerosa representação de partidos comunistas, de trabalhadores, de forças de esquerda e progressistas de todo o mundo, de partidos comunistas e revolucionários exercendo o poder em países que constroem o socialismo é um gesto de solidariedade para com o povo brasileiro e o nosso Partido. Igualmente, é uma demonstração viva do internacionalismo proletário e da solidariedade entre forças democráticas e antiimperialistas. É um sinal a mais a caracterizar o Partido Comunista do Brasil como um partido com forte identidade comunista, classista e revolucionária.

O nosso 12º Congresso, que tem como ponto de destaque a aprovação do novo Programa Socialista, no qual buscamos plasmar um caminho próprio, revolucionário e original, de luta pelo socialismo em nosso país, coincide com algumas datas marcantes na história do movimento comunista e operário. É uma feliz coincidência que nosso Congresso realize a sessão dedicada ao internacionalismo no dia 7 de novembro, quando celebramos o 92º aniversário da Revolução soviética, o mais destacado acontecimento na história da humanidade, porquanto inaugurou uma nova época, a época das revoluções socialistas e da construção do poder popular. Décadas depois de 1917,a primeira ex primeira experiência de construção do socialismo foi derrotada, as isto não diminui suas glórias. A Revolução e o socialismo na União Soviética foram façanhas históricas e continuam sendo fontes inesgotáveis de ensinamentos para os que lutam por uma nova sociedade. O nosso Partido orgulha-se de ser herdeiro dos ideais de Outubro, que permanecem vivos e atuais.

O nosso Congresso realiza-se também no mesmo ano em que se comemora o 50º aniversário da Revolução Cubana, que abriu caminho para o desenvolvimento de inúmeras lutas antiimperialistas na nossa América, fincou a bandeira do socialismo na região e até hoje inspira os processos transformadores em curso, nomeadamente a Revolução Bolivariana e a luta pelo socialismo do século 21. Dedicamos o nosso congresso, os nossos labores, as nossas lutas, a nossa mensagem de esperança e mudança ao heróico povo cubano, ao seu Partido Comunista, aos próceres da nação, entre eles José Martí, à legendária figura do Che e destacadamente ao comandante Fidel Castro, figura gigantesca dos séculos 20 e 21, cuja obra tem imenso significado para a humanidade, que lhe será eternamente grata. Com a permissão de vocês, queridos e queridas delegados e delegadas, peço à camarada Caridad Diego, à camarada Maria Antonia Ramos e ao camarada Hector Fraginales, da delegação cubana, que enviem o nosso caloroso abraço ao companheiro Fidel. Quero expressar também o nosso apoio e a nossa solidariedade ao companheiro presidente Raúl Castro, que serena e firmemente dirige o País nesta quadra difícil, em que o inimigo de sempre, o imperialismo estadunidense, continua tentando estrangular e esmagar a Revolução e a decisão irrevogável do povo e da liderança de resistir e lutar para assegurar a vida livre, com independência e autodeterminação. Viva a Revolução Cubana!

Coincide também o nosso congresso com o transcurso do 60º aniversário da Revolução Chinesa, liderada por Mao Zedong, outro momento glorioso do século 20, e que está na origem das transformações por que passa na atualidade a grande nação asiática. O nosso abraço ao grande povo chinês e à sua liderança e nosso apreço pela contribuição que dá a República Popular da China à luta pela paz, o desenvolvimento e a cooperação internacional, num mundo marcado por graves ameaças de guerras.

O outro acontecimento que lembraria aqui, não para comemorar, mas para instigar à reflexão sobre os seus efeitos negativos para a luta dos povos é o transcurso do 20º aniversário da contra-revolução de 1989, cuja data simbólica é o 9 de novembro de 1989, quando tem início um processo regressivo que levou à liquidação do socialismo na antiga União Soviética e no Leste europeu e a uma brutal alteração na correlação mundial de forças. Até hoje a contrarrevolução de 1989 é um divisor de águas entre revolucionários e oportunistas, comunistas e socialdemocratas, antiimperialistas e forças de acomodação a uma ordem injusta e iníqua. Discute-se hoje com não menos intensidade do que naquela altura, se vivemos ou não a época da luta pelo socialismo, pela emancipação nacional e social dos trabalhadores e dos povos, se a classe operária encontra-se ou não no centro de nossa época, se o sistema capitalista é retrógrado e decadente ou se tem novas potencialidades para abrir um ciclo de desenvolvimento e progresso. Atualmente, debate-se com não menos paixão se é possível amansar com palavras o imperialismo, se o caminho para a libertação da humanidade é o da luta ou o da conciliação de classes e se os explorados e oprimidos precisam ou não construir seus instrumentos de combate, nomeadamente um partido de classe, com identidade própria, plena independência política, que pensa pela própria cabeça, capaz de concertar políticas de aliança e unidade, um Partido portador de uma ideologia científica, o marxismo-leninismo, o socialismo científico, com capacidade de renovar-se sem perder o rumo, de atualizar-se sem cair em modismos, apropriando-se de maneira criadora das novas conquistas do conhecimento humano.

A reflexão que os comunistas brasileiros fazemos é que a luta pelo socialismo, posicionada nos termos próprios da época atual, levando em conta as lições extraídas do anterior período histórico, volta a entrar na ordem do dia não como vago ideal, não como intenção ou retórica, mas como questão concreta a exigir solução concreta. Por isso aprovamos um programa socialista que propõe um caminho próprio para abordar a luta pelo socialismo em nosso país, nas condições atuais do Brasil e do mundo. Um programa de acumulação estratégica e tática de forças, o programa da revolução brasileira.

Os documentos congressuais afirmam as profundas convicções dos comunistas brasileiros quanto à atualidade da luta pelo socialismo. Estão em curso importantes transformações no mundo. A ofensiva do imperialismo e as rivalidades entre as potências imperialistas não constituem os únicos vetores da situação internacional, nem as tendências à multipolaridade advêm apenas das contendas econômicas, políticas e diplomáticas entre as grandes potências. O essencial na situação internacional em permanente desenvolvimento e mutação é a emergência de novas forças revolucionárias, é o redespertar da resistência dos povos, é a retomada das lutas dos trabalhadores, é a intensificação da luta patriótica e antiimperialista, que adquiriu novos conteúdos e formas com o surgimento dos governos democráticos e populares na América Latina.

Já há mais de uma década, a América Latina está vivendo um novo ciclo político. Aberto com a eleição de Hugo Chávez em 1998 e ampliado com as duas eleições do presidente Lula e o conjunto de vitórias eleitorais de esquerda e centro-esquerda, este ciclo político elevou o papel da América Latina, ampliou a luta antineoliberal e antiimperialista, reforçou a integração continental, deu lugar a um impetuoso movimento por mudanças sociais econômicas e políticas e reforçou a unidade entre as forças da esquerda conseqüente, que aposta no desenvolvimento desses processos como estágio importante da acumulação revolucionária de forças. É também neste contexto que concebemos a importância da luta pelo fortalecimento da nação brasileira, de um Brasil progressista e fraterno, nunca um país hegemônico nem opressor dos países vizinhos. A nossa luta antiimperialista a região visa à independência de todos, nunca a substituição de hegemonias. A integração que queremos é entre países e povos, uma integração solidária e justa.

Em diferentes momentos o imperialismo tem buscado desestabilizar e truncar este processo. Tentou o golpe de estado e o magnicídio contra o presidente Chávez, promoveu a intentona golpista na meia lua boliviana e agora sua mão ardilosa e bandida move os cordéis por detrás dos golpistas hondurenhos. Com igual preocupação acompanhamos a e3volução dos acontecimentos no vizinho e irmão Paraguai, onde as classes dominantes urdem crises políticas e militares, visando à desestabilização do governo do presidente Lugo.

Numa afanosa manobra para intervir na região e ameaçar os processos democráticos e populares, o imperialismo estadunidense promove inaudita militarização com o relançamento da Quarta Frota e a instalação de sete bases militares na Colômbia. O Partido Comunista do Brasil condena essas atitudes agressivas do imperialismo estadunidense e associa-se a todas as forças democráticas e patrióticas na defesa das conquistas alcançadas, na condenação aos golpes, no rechaço à militarização e na luta para que a América Latina seja sempre a região da integração, da solidariedade, da soberania e da paz.

Na análise sobre o quadro internacional o nosso Partido destaca que o povo brasileiro e os povos irmãos não devem nutrir a mínima ilusão quanto às promessas de paz, cooperação e multilateralismo emanadas do imperialismo norte-americano e das potências que com este pretendem estabelecer um condomínio hegemônico internacional. A nova retórica em voga na Casa Branca e os movimentos pendulares do seu novo titular em nada alteram a essência agressiva do imperialismo. Continuamos vivendo num mundo instável, perigoso e ameaçador à paz, à segurança internacional, à justiça, ao desenvolvimento das nações pobres, aos direitos dos trabalhadores e dos povos. A dinâmica das relações internacionais não é governada desde os salões das chancelarias, antes pelo contrário, é condicionada pelas lancinantes contradições econômicas, sociais e políticas geradas pelo sistema imperialista e pelas inevitáveis lutas dos povos.

A ofensiva belicista do imperialismo prossegue vitimando os povos da Ásia Central e do Oriente Médio. O Afeganistão, o Paquistão e o Iraque continuam ardendo em chamas. O povo palestino continua cada vez mais martirizado pela ocupação sionista, que se excede em crimes de lesa-humanidade, ao tempo em que o Estado de Israel continua sendo depositário de todo o apoio político, econômico e militar dos Estados Unidos. A problemática do Oriente Médio não encontrará solução enquanto a Palestina e outros territórios árabes, como as Colinas de Golan, pertencentes à Síria, permanecerem sob ocupação. Reiteramos nossa solidariedade a esses povos e à luta pela criação do estado Palestino, com capital em Jerusalém Oriental.

Por fim, rechaçamos a hipocrisia e a chantagem nuclear dos Estados Unidos e as descabidas ameaças de agressão ao Irã e à República Popular Democrática da Coreia.

Camaradas, encaramos o presente com gravidade e responsabilidade, cônscios dos grandes desafios e dos combates e batalhas que temos diante de nós, pois nem tudo são flores nem cor de rosa na realidade em que vivemos. Não façamos nossas as ilusões de que a libertação nacional e social de nosso povo ocorrerá por geração espontânea ou que o mundo multipolar será o cenário de uma convivência pacífica entre as potências e destas com os países emergentes.

Miramos o futuro com otimismo histórico. Por isso, reafirmamos que somos da luta, estamos na luta e seguiremos em luta, forjando nossos instrumentos de combate, reforçando a unidade das forças antiimperialistas em nível internacional, em particular o movimento comunista e a coordenação das forças de esquerda. Por isso dedicamos atenção e energia ao fortalecimento do Encontro dos Partidos Comunistas e Operários e do Fórum de São Paulo.

Camaradas, uma vez mais reiteramos: o imperialismo não é invencível. Será derrotado pela nossa luta.

Viva o 12º Congresso!
Viva o PCdoB!
Viva o povo brasileiro!
Viva o internacionalismo proletário!
Abaixo o imperialismo!
Viva o socialismo!

Muito obrigado.