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Uruguai: Frente Ampla promete continuar disciplina fiscal

O candidato da Frente Ampla, José “Pepe” Mujica, apresentou a equipe econômica que o acompanhará caso conquiste a maioria dos votos no segundo turno das eleições uruguaias, a ser realizado no próximo domingo (29). Mujica defendeu durante o anúncio a disciplina fiscal como forma de diminuir a desigualdade e o aumento de investimentos.

O ex-ministro da Agricultura do governo do atual presidente, Tabaré Vázquez, disse que a equipe econômica será supervisionada por seu companheiro de chapa, o candidato a vice-presidente, Danilo Astori, ex-ministro de Economia de Vázquez, e pelo economista Fernando Lorenzo.

Astori mencionou como futuro integrante da equipe o presidente do Banco Central uruguaio, Mario Bergara. Também esteve presente ao ato o ministro de Economia, Alvaro García. Outro cotado na pasta é Pedro Buonomo, ex-assessor do presidente do México, Felipe Calderón.

Mujica não mencionou que cargos ocupariam em sua eventual gestão Bergara e Lorenzo. "Tenho a honra de dizer que essa equipe dará conta da economia”, disse ante cerca de 500 simpatizantes, funcionários e militantes de esquerda.

Disciplina

O candidato afirmou que manterá em seu governo a disciplina fiscal que tornou a economia do Uruguai uma das mais estáveis da América Latina e que não proporá nenhum “experimento” econômico. "O senso comum nos diz que, se algo está bem, não se deve tocá-lo”, afirmou o ex-líder Tupamaro em Montevidéu ontem (23).

"Os experimentos devem ser feitos quando necessário, e também é preciso dar continuidade a uma política que busca estabelecer a confiança, pois o nervo central do nosso desenvolvimento se chama investimento e para que exista investimento, deve haver confiança”, analisou.

Entre as principais propostas econômicas de Mujica se destacam uma meta de crescimento de 30% para o próximo quinquênio, a diminuição em dois pontos do IVA (Imposto Sobre o Valor Agregado) e a criação de 200 mil novos postos de trabalho, sendo 40 mil para jovens.

Cautela

"Quem se preocupa com a igualdade deve se preocupar com a economia, pelo andamento da economia. Sem ela, não há combustível”, afirmou Mujica. No entanto, o candidato mostrou-se preocupado com a administração do fluxo de investimentos até praças emergentes, como o Uruguai, que podem apreciar em excesso as moedas e incentivar uma situação de “hiperconsumo”.

"Se tem problemas se não há capital, mas se há em demasia, também temos problemas”, concluiu. A economia uruguaia, baseada na produção de produtos agrícolas e turismo, apresentou em 2009 seu sétimo ano consecutivo de crescimento, apesar da crise global. O PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer por volta de 1,2% este ano, segundo analistas, enquanto a inflação permanece controlada e o sistema financeiro sólido.

Analistas consideram certa a vitória

A poucos dias do segundo turno das eleições uruguaias, “Pepe” Mujica caminha em direção a uma vitória certa, conforme avaliaram analistas entrevistado pela agência EFE. De acordo com as últimas pesquisas de opinião das consultorias Equipos Mori e Interconsult, Mujica tem entre 50 e 48% das intenções de voto, respectivamente, contra 42% do candidato do conservador Partido Nacional, Luis Alberto Lacalle.

"Caso não aconteça algo muito intenso e estranho nessa semana, o que parece ser improvável, Mujica será o próximo presidente do Uruguai”, afirmou Ignacio Zuasnabar, sociólogo e diretor da Equipos Mori. "Após o primeiro turno o cenário se manteve estável, quase congelado, e parece muito difícil que tudo mude em alguns dias”, completou. A Equipos Mori apresentou com maior exatidão os resultados do primeiro turno, em 25 de outubro.

Na votação, a coalizão de esquerda Frente Ampla conquistou 48% dos votos, o Partido Nacional, 29% e o Partido Colorado,18%. Como nenhum dos candidatos superou os 50%, o presidente será definido no final de semana.

Zuasnabar destacou que 70% dos uruguaios que votaram no Partido Colorado acatam a decisão da direção de apoiar Lacalle. Contudo, cerca de 10% não seguem a orientação oficial e se inclinam para Mujica e os 20% restantes não sabem em quem votarão.

Para Juan Carlos Doyenart, diretor da Interconsult, "cada ponto percentual dado a Mujica o aproxima mais da presidência". Os 48% de intenção de voto "o deixa às portas da vitória", afirmou. O candidato da esquerda cresceu um ponto porcentual na última medição se comparada com a anterior.

O apoio a Lacalle também cresceu, em 2%, "mas o ideal seria Mujica deixar de crescer para reforçar suas aspirações”, disse o pesquisador.

Indecisos

"Há um fenômeno especial, pois tanto Mujica quanto Lacalle geram forte rechaço em um setor da população", explicou Doyenart. Esses cidadãos, os quais “podem formar em torno de 6% do total, realmente não sabem em quem votarão e seguramente se decidirão na hora de colocar o voto na urna".

"Dentre eles, mais da metade é simpatizante dos colorados e mesmo que todos votem em Lacalle, ele não superará Mujica", avaliou.

Fonte: Opera Mundi