01 de dezembro, dia da luta contra o preconceito

Em discurso na Câmara dos Deputados, a deputada Manuela d'Ávila (PCdoB/RS) lembrou que como destaca o tema da campanha contra a AIDS este ano, "é possível viver com AIDS, não é possível viver com o preconceito".

Manuela

Manuela também destacou que a triste liderança da cidade Porto Alegre dentre os 100 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes que registraram maior taxa de incidência da doença, dos quais os 20 primeiros estão na região Sul. "A responsabilidade desta triste posição é da indiferença com que o governo do Rio Grande do Sul trata a saúde pública. Há três anos, o estado não tem um responsável formal nas ações de combate à doença" destacou Manuela.

Veja a íntegra do discurso:

Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, venho a esta tribuna para comentar com os nobres colegas a importância da data de hoje, em que comemoramos o Dia Mundial de Luta contra a AIDS.
Saúdo em primeiro lugar a excelente campanha do Ministério da Saúde que foca um dos aspectos mais cruéis desta doença: o preconceito.
Quem vive com HIV/aids pode trabalhar, estudar, praticar esportes, namorar, fazer sexo com camisinha, como todo mundo. Apesar de a rotina ter de se adaptar aos medicamentos e consultas, o mais difícil é ter que conviver com o preconceito.
A campanha lançada hoje traz a imagem de um beijo, protagonizado por um jovem com HIV e uma jovem que não tem o vírus: “Viver com aids é possível. Com o preconceito não”. Símbolo de amor e amizade, no campo da aids o beijo assume outras conotações. Mostra que não se transmite o HIV dessa forma, que pessoas soropositivas podem e devem se relacionar, entre elas ou com sorodiscordantes, uma positiva e outra não.
O Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado no dia primeiro de dezembro, é a data sugerida pelas Nações Unidas para reforçar o compromisso político dos governos para que o mundo reflita sobre as questões que envolvem o viver com o HIV. O mundo todo está voltado, nessa data, para as ações desenvolvidas pelos países, principalmente o Brasil, cuja política na área é globalmente reconhecida.
Estima-se que 630 mil pessoas estejam infectadas pelo HIV no Brasil, sendo que mais de 200 mil estão fazendo uso do tratamento oferecido pelo SUS. A política de acesso universal aos medicamentos adotada pelo Governo Brasileiro vem possibilitando, ao longo dos anos, a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/aids.
Mas, além da luta contra o preconceito, é cada vez mais urgente a luta contra a indiferença, principalmente do poder público.
Segundo o Boletim Epidemiológico Aids/DST 2009, o número de casos de Aids registrados no Brasil caiu nos grandes centros urbanos mas dobrou nos municípios pequenos. A exceção é a cidade de Porto Alegre.
Os grandes centros urbanos do país, onde estão concentrados 52 por cento dos casos de Aids, registraram queda de 15 por cento na taxa de incidência da doença entre 1997 e 2007. Neste período, o número de casos em municípios com menos de 50 mil habitantes dobrou.
Porto Alegre lidera a lista dos 100 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes que registraram maior taxa de incidência da doença, dos quais os 20 primeiros estão na região Sul.
Senhor presidente, a responsabilidade desta triste posição é da indiferença com que o governo do Rio Grande do Sul trata a saúde pública.
Há três anos, o estado não tem um responsável formal nas ações de combate à doença.
O Brasil tem um modelo de tratamento para a AIDS, que hoje é considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) uma referência para o mundo.
Mas os dados mostram que os desafios permanecem. A medicina tem realizado grandes avanços na farmacologia. Mas contra o preconceito, a incompetência e a indiferença não há fármacos.

Muito obrigada.

Dep. Manuela d’Ávila

Fonte: www.manuela.org.br