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DEM e tucanos temem que Arruda caia atirando

O governador paulista José Serra (PSDB) encerrou nesta terça-feira (1º) uma entrevista para não ter de falar sobre o envolvimento do PSDB, no escândalo do governo José Roberto Arruda, seu aliado do DEM. Já na cúpula do partido, há um "consenso" de dar uum prazo, de 10 dias, para decidir o destino do governador. O DEM e seus aliados tucanos temem que Arruda, se for punido, retalie abrindo a sua própria Caixa de Pandora.

Na mitologia grega, a Caixa de Pandora, a primeira das mulheres, continha todos os males que se espalharam pelo mundo quando foi aberta. Sabe-se que o governo do Distrito Federal tem sido de grande valia na sustentação do DEM nos últimos três anos. Daí o receio dos oposicionistas em ceder à pressão da opinião pública, estarrecida com os vídeos que exibem a distribuição das propinas brasilienses.

"Só perguntam sobre isso"

"Já disse ontem o que era essencial. É uma coisa gravíssima. As denúncias são bastante graves e merecem ser muito bem investigadas pela Justiça. Tem que ouvir também os acusados, que têm direito de defesa. E no fim, a Justiça tem de fazer Justiça", foi o comentário de Serra para os jornalistas, durante evento na tarde desta terça-feira, no Anhembi, zona norte de São Paulo.

O governador se queixou, irritado, de que "as pessoas só vão perguntar sobre isso (o Caso Arruda) ou sobre ti-ti-ti das prévias (para decidir o candidato presidencial tucano)". E encerrou a entrevista antes de ser questionado sobre a participação ds tucanos brasilienses no escândalo.

O secretário de Obras do governo Arruda, Márcio Machado, é também o presidente do PSFDB-DF. Segundo relatou à Folha de S.Paulo Durval Barbosa, o informante da Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, Machado teria feito o pagamento de três propinas a políticos aliados, no valor de R$ 6,3 milhões. Após arrebentar o escândalo, os tucanos do DF decidiram sair do governo distrital, onde ocupam ainda a Secretaria de Governo.

DEM dá 10 dias de prazo ao governador

A Executiva Nacional do DEM, que tem 45 membros, voltou a se reunir nesta terça-feira em Brasília, ainda dividida sobre o modo de tratar a crise aberta pela Caixa de Pandora. A reunião da véspera, na presença de Arruda, não chegou a uma conclusão.

"Há consenso em relação a abertura de um processo disciplinar com a apresentação e votação do relatório num prazo não maior que 10 dias", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), antes da reunião de hoje.

O consenso, no entanto, é mais um desejo de Agripino. O também senador Demóstenes Torres (GO) tem defendido a expulsão sumária de Arruda do DEM. Os adeptos da punição argumentam que o DEM fez da ética uma bandeira prioritária, e se desmoralizará caso não corte na carne quando a corrupção se apresentaem suas próprias fileiras.

Arruda é acusado, segundo as investigações da PF, de montar um esquema de desvio de recursos públicos para o financiar sua campanha em 2006, usado em seguida para pagar mesadas a seus aliados na Câmara Legislativa. O escândalo ganhou repercussão com o vazamento de vídeos gravados por Barbosa, onde o governador e seus aliados movimentam o dinheiro das propinas.

Manifestação pede impeachment

Cerca de 100 pessoas protestaram nesta terça-feira em frente à residência oficial do governador do Distrito Federal, em Águas Claras. Os manifestantes empunham faixas e bandeiras, distribuem panfletos e gritam palavras de ordem. Eles pedem o impeachment do governador José Roberto Arruda, e do vice-governador, Paulo Octavio, e o afastamento do presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, e de todos os parlamentares envolvidos no caso.

Panetones, meias, cuecas e réplicas de maços de dinheiro são oferecidos aos motoristas que passam no local, em referência às imagens gravadas pela Operação Caixa de Pandora, em que integrantes do alto escalão do governo e empresários do DF aparecem recebendo maços de dinheiro e à alegação de que o dinheiro era para a compra de panetones que seriam dados à população de baixa renda. propina. A maioria das pessoas que passam pelo local solidariza-se com os manifestantes com acenos, buzinas e palavras de ordem.

Da redação, com agências