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Deputado do dinheiro na meia se afasta e Câmara-DF cria CPI

O Correioweb, site do jornal Correio Braziliense, noticiou na noite desta terça-feira (1º) o afastamento do deputado distrital Leonardo Prudente (DEM), célebre por aparecer em um vídeo guardando um maço de notas na meia. Os deputados distritais decidiram instalar a "CPI do Demomensalão". Mas não houve acordo sobre processar o governador José Roberto Arruda (DEM) por crime de responsabilidade, abrindo caminho para o impeachment.

Leonardo Prudente, que é presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, decidiu se licenciar do cargo por 60 dias, depois de aparecer como um dos principais implicados no escândalo brasiliense. Ele alegou que com isso facilitará a apuração das denúncias de recebimento de verba ilegal. Quem exercerá a presidência da Casa é o vice, Cabo Patrício (PT).

O vídeo que mostra o deputado levantando as pernas para guardar maços de cédulas nas meias foi gravado em 2006, pelo então presidente da Codeplan – estatal do GDF responsável pela área de informática – no governo Joaquim Roriz, Durval Barbosa. Barbosa, proncipal informante da PF na Operação Caixa de Pandora, é também o autor das imagens que indignaram o Distrito federal e o país.

Corregedor está entre os acusados…

Também será eleito um novo corregedor para cuidar das denúncias para a "base aliada" do governo, já que o atual corregedor da Casa, Júnior Brunelli (PSC), também é citado como um dos beneficiados no esquema denunciado pela Polícia Federal.

Durante reunião de mais de quatro horas, os deputados distritais decidiram, também, instalar uma CPI para investigar as denúncias levantadas pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora. Não definiram porém quando a Comissão começará a funcionar.

Ao todo, 23 dos 24 deputados distritais participaram da reunião. O único que não compareceu foi Brunelli, que está de licença. Na situação anterior ao escândalo Arruda, o governo do DEM tinha uma cômoda maioria na Casa: a oposição se resumia a oito deputados. Este quadro mudou com a crise, que levou o PDT, PPS, BSB, PSDB e PV a se afastarem da base governista no DF.

O crescente isolamento do governador ainda não foi suficiente para a Câmara Legislativa abrir um processo contra Arruda por crime de responsabilidade, permitindo, em caso de condenação, o impeach,ment do governador. No entanto, o tema deve retornar nesta quinta-feira (3), quando o Conselho da OAB-DF deve votar um pedido de impeachment dirigido à Câmara.

DEM opta por não expulsar Arruda

Enquanto a Casa Legislativa brasiliense começa a reagir à crise, embora de modo insuficiente, a Executiva Nacional do DEM decidiu não expulsar Arruda do partido. A alternativa de abrir um processo foi lida nos meios políticos da capital federal como um passo para a investigação partidária acabar em pizza, ou panetone – o bolo natalino que seria comprado com o dinheiro, segundo a primeira linha de defesa do grupo governante do DF.

Uma decisão de expulsão imediata não eliminaria o direito de defesa de Arruda, que teria 30 dias para recorrer, conforme o Estatuto do DEM. Mas ele ficaria afastado do partido até uma eventual reabilitação. Pelo caminho escolhido na Executiva, ocorre o inverso: Arruda fica no DEM até que se prove sua culpa.

O processo no DEM foi conturbado também pela desistência do deputado José Carlos Machado (SE) de ser o relator do processo disciplinar contra Arruda. A decisão foi comunicada ao presidente nacional da legenda, Rodrigo Maia (RJ), 30 minutos após o deputado ter sido anunciado comorelator.

Machado alegou que não é advogado e não tem conhecimentos jurídicos suficientes para assumir a relatoria. Disse que foi "pego de surpresa" pela indicação, que promete ser de alto risco, dados os rumores de que Arruda não se deixará expulsar sem resistência.

O presidente do DEM, deputado Roidrigo Maia (RJ), disse que até amanhã deve escolher um novo relator. "O deputado Machado disse que não é advogado, e sim engenheiro. Se fosse advogado, aceitaria o caso. Mas não há problema: amanhã escolho outro nome", disse Maia.

Depois de julgar Arruda, o DEM deverá analisar o caso do vice-governador do DF, Paulo Octavio outro filiado citado na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, e suposto beneficiário do esquema de pagamento de propina a empresários e a deputados distritais da base aliada.

Único governador do DEM no Brasil, Arruda aparece em um vídeo, durante as investigações feitas pela PF, recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo então secretário de Relações Institucionais da gestão do político democrata, Durval Barbosa. Réu em 37 processos, Barbosa denunciou o esquema por conta da delação premiada, acordo feito com a Justiça para diminuição de pena em uma eventual condenação judicial.

Escândalo azeda relação DEM-tucanos

Rodrigo Maia não mostrou a mesma complacência ao reagir à notícia de que a Executiva Nacional do PSDB determinou a saída imediata dos tucanos do governo de Arruda, sem sequer avisar previamente o DEM. Visivelmente irritado, ele se queixou de "falta de solidariedade" dos tucanos, principais aliados de sua legenda na oposição ao governo Lula.

"Cada partido toma a decisão que achar conveniente. Seja no Rio de Janeiro, no Distrito Federal ou no Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o Democratas foi solidário com o PSDB e não fez nenhum julgamento. Mas nós respeitamos a decisão agora do PSDB", observou Maia, sobre as denúncias de desvio de R$ 44 milhões do Detran, na gestão da governadora tucana Yeda Crusius.

A“No Distrito Federal, o Democratas tem o governador hoje e vai julgá-lo. No Rio Grande do Sul, o PSDB tem o governador e não fez nenhum tipo de julgamento”, disparou Maia. “Nós vamos decidir. No caso dos outros partidos, não se decide”, observou

A irritação de Maia aumentou quando os jornalistas perguntaram se o Caso Arruda poderá abalar a aliança do DEM e PSDB nas eleições de 2010, gerando resistências tucanas a um vice do DEM na chapa para a Presidência.

"Não sei quem entrou na discussão de chapa presidencial. Se crises como esta fossem impeditivas de alguma coisa, o PSDB talvez nem pudesse lançar candidato à presidência", criticou Maia. A alusão, sem citar nomes, foi interpretada como dirigida ao "Mensalão Mineiro", que gerou um processo onde o réu principal é o ex-governador, ex-presidente do PSDB e atual senador Eduardo Azeredo (MG).

Da redação, com agências