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Evo encerra campanha: industrializar e integrar a Bolívia

O presidente da Bolívia, Evo Morales, encerrou nesta quinta sua campanha seguro da reeleição no próximo domingo. Morales falou a milhares de partidários em El Alto, uma das cidades mais pobres do país, cenário de violentos protestos em 2003, que culminaram que a queda do governo da época. "Graças à consciência do povo boliviano vamos ganhar", discursou ele, prometendo, em um novo mandato, industrializar e integrar a Bolívia.

Primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo, de acordo com todas as pesquisas, deve mesmo se reeleger. Ele lidera com folga enorme: tem cerca 60% das intenções de voto. Seu principal rival, o direitista Manfred Reyes Villa, tem cerca de 20%. Villa encerrou sua campanha na cidade de Santa Cruz, um reduto da oposição no leste boliviano. O terceiro colocado, o empresário Samuel Doria Medina, de centro, também optou por Santa Cruz para seu último discurso na corrida eleitoral.

No último ato da campanha, Morales ratificou suas promessas de fazer com que a Bolívia avance rumo à industrialização, consiga melhorias na integração viária e reduza o preço de seus serviços de comunicação por meio de um satélite próprio.

Segundo ele, os eleitores têm dois caminhos: "Apoiar a mudança" para aprofundar as reformas políticas, econômicas e sociais introduzidas durante sua gestão "ou voltar ao passado, ao neoliberalismo". Morales também criticou os Estados Unidos e convocou seus seguidores a lutar "sem medo" contra o "imperialismo americano". A dois dias da eleição, os muros de La Paz estavam cobertos com cartazes que dizem: "Com Evo, Bolívia avança".

O primeiro mandato

Evo Morales termina seu primeiro mandato não apenas com a imagem fortalecida junto aos pobres, que beneficiou com uma série de programas sociais. À frente do governo, ele desenvolveu uma política com forte viés indígena e estatizante. Na área econômica, se por um lado estabeleceu fortes laços com Cuba e Venezuela, por outro, também é reconhecido por empresários da Bolívia e até pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo modo com que conduziu a economia boliviana.

Em sua gestão, as reservas internacionais subiram de US$ 1,71 bilhão para US$ 9 bilhões. O PIB cresceu sempre acima dos 4% e neste ano, apesar da crise internacional, deve avançar 3%, a maior taxa da América Latina segundo projeções do FMI. A inflação anual está em 3%. As exportações registram recordes e o setor público não financeiro obtém superávit pela primeira vez desde 1970.

Evo criou vários programas sociais, como o bônus para as famílias pobres – o mais importante, uma espécie de Bolsa Escola, que dá 200 bolivianos (R$ 50) por ano a 1,8 milhão de crianças em idade escolar. O bônus se chama Juancito Pinto, e deve atender este ano a 1,85 milhão de crianças de famílias de baixa renda que estão frequentando a escola. O governo diz que este ano desembolsará 370,6 milhões de bolivianos (R$ 90 milhões) no programa.

O Juancito Pinto, criado em 2006, primeiro ano de mandato de Morales, foi um dos feitos sociais mais explorados pelo governo durante a campanha pela reeleição do presidente. Os recursos do bolsa escola boliviano, assim como o de outros bônus, vêm dos hidrocarbonetos. O governo apresenta o bônus como um beneficio da nacionalização dos hidrocarbonetos – ocorrida em 2006.

Junto com o setor mineral, os hidrocarbonetos respondem por quase 80% das exportações do país. Morales também distribui um bônus para mulheres grávidas (de 1.820 bolivianos, cerca de R$ 440, parcelados do pré-natal até a criança completar dois anos); e ampliou um bônus de até 3.000 bolivianos (R$ 730) para quem tem mais de 60 anos.

No campo das finanças públicas, um dado importante: o país registrou superávit no setor público não financeiro, revertendo déficits consecutivos que vinham desde 1970; e a inflação puxada pelos alimentos, que passou dos 15% nos dois primeiros anos do governo, caiu e deve ficar entre 2% a 3% em 2009.

Com agências