Ao sair do DEM, Arruda diz que não disputará mais nenhuma eleição
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, anunciou na tarde desta quinta-feira (10) sua desfiliação do DEM e disse que não será mais candidato. "Não disputarei nenhuma eleição mais", afirmou. O anúncio foi feito na residência oficial de Arruda, em Águas Claras (a 15 km de Brasília). O governador é investigado em um esquema de corrupção amplamente deocumentado em fitas de vídeo.
Publicado 10/12/2009 19:26
O escândalo do mensalão do DEM de Brasília começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador do DF é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.
Arruda disse que adversários manipularam imagens para tirá-lo da disputa eleitoral, na qual, segundo ele, era favorito. Ele disse que continua no governo, agora sem interesses eleitorais. "A farsa montada foi o recurso usado pelos meus adversários para me tirar da disputa de 2010. Tudo porque as pesquisas eleitorais me davam ampla vantagem", tentou justificar.
A saída de Arruda do DEM o deixa sem legenda para a disputa de qualquer cargo eletivo nas eleições de 2010. O prazo de filiação a partidos se encerrou no começo de outubro, um ano antes do pleito do ano que vem.
Ao lado da mulher, Flávia, do vice, Paulo Octávio (DEM), e de alguns secretários, ele disse que sua saída do partido evita o constragimento também a amigos. "Quero trabalhar por Brasília. Quero, agora, me dedicar às questões administrativas do governo, livre para fazer minhas opções. Assim, sem o clima emocional que marca esse momento, quero me dedicar inteiramente a trabalhar por Brasília, defender a minha honra e o mandato de governador que me foi outorgado pela vontade popular."
Mas o futuro de Arruda não será assim tão tranquilo quanto ele tentou pintar em seu discurso. Pesam contra Arruda oito pedidos de impeachment. Três deles já foram admitidos pela Câmara Distrital.
Amplos setores políticos e movimentos sociais querem a cassação do mandato do governador e também de seu vice, Paulo Octávio, que até agora tem sido poupado pela mídia da acusações de participação no esquema de propinas, mas nos bastidores da política brasiliense é sabido que Paulo Octávio não está imune às acusações de corrupção que atingem o governo do Distrito Federal.
O DEM, que agora perdeu seu único governador, espera que na hipótese de Arruda sofrer impeachment, seu vice assuma o posto, recolocando o DEM no map dos governos estaduais.
Manobra política
A desfiliação do governador Arruda foi interpretada como uma manobra política pela oposição na Câmara Legislativa.
Para a deputada Érika Kokay (PT), com a saída do DEM, Arruda quer passar a imagem que não é mais um adversário político nas eleições de 2010, já que sem partido ele não poderá concorrer à reeleição. Porém, segundo a distrital, o objetivo dos petistas é se concentrar na aprovação dos pedidos de impeachment.
“Se ele acha que isso vai minimizar, arrefecer nossa vontade de investigar as denúncias que envolvem sua gestão, está enganado. Nosso foco não são as eleições de 2010”, disse a líder do PT na Casa.
Da redação,
com agências