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Acusado, premier do Japão chora mas não renuncia

A cem dias de sua posse, o governo do Partido Democrata vacila no Japão. Dois ex-colaboradores do primeiro ministro foram condenados, nesta quinta-feira (24), por prática de caixa dois. Face ao escândalo, o chefe de governo pediu desculpas e curvou-se, com lágrimas nos olhos, diante das câmeras. Mas Yukio Hatoyama disse que não tenciona renunciar.

Ele disse que só renunciará "se um número esmagador de vozes o exigir". Mas disse aceitar "com gravidade o julgamento dos procuradores" e sentir "com dor a minha responsabilidade".

Hatoyama argumentou sua relutância em renunciar dizendo-se convencido de que as eleições de agosto passado, que levaram ao poder uma coalizão de centro-esquerda depois de 54 anos de domínio conservador dos liberais, significou a vontade de mudança dos japoneses. "Muita gente re lamou a alternância no poder, e a marcha do governo de coalizão não deve ser detida. Por isso decidi que não devo deixar meu posto", disse ele.

Mas o primeiro ministro agregou que não resistiria a um movimento de profundidade pedindo a sua queda. "Se um número esmagador de vozes exigir, então eu sentiria que deveria respeitar a voz do povo, mas darei o melhor de mim para que isso não  aconteça".

Os condenados são Keiji Katsuba, 59 anos, ex-secretário de Hatoyama, e Daisuke Haga, 54, que foi seu contador. Ambos trabalharam com o premier até a eleição. Não haverá consequências judiciárias para o primeiro ministro, já que não foi provado que ele tinha conheimento do esquema. Hatoyama afirma que "ignorava tudo".

O caixa dois consistiu em atribuir a doadores individuais uma soma de 360 milhões de yens (pouco mais de US$ 2 milhões), que na verdade provieram da fortuna pessoal de Hatoyama e de sua mãe, rica herdeira da indústria de peneus Bridgestone. A lei japonesa fixa um teto de 10 milhões de yens anuais para um político tirar de seu bolso para a atividade pública.

A aprovação de Hatoyama baixou para menos de 50% nas últimas pesquisas. O presidente do Partido Liberal-Democrata, Sadakazu Tanigaki, tratou de sair da defensiva em que as urnas de agosto o colocaram, acusando o primeiro ministro de mofar da opinião pública.

Da redação, com agências