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Ganho de empresa alvo da PF cresce 17 vezes sob Arruda

Acusado de alimentar em 2006 o caixa dois de José Roberto Arruda, de ter repassado os R$ 50 mil que o governador aparece recebendo em vídeo e de pagar propina ao vice-governador Paulo Octávio (DEM), o Grupo TBA, da área de informática, engordou seu faturamento na gestão do DEM no Distrito Federal. De um ganho médio anual de R$ 1 milhão, passou a R$ 18,6 milhões em 2008 e R$ 23,2 milhões neste ano, segundo relatório do Ministério Público de Contas do DF, a que a Folha de S.Paulo teve acesso.

O documento aponta pagamentos a partir de 2005 -a reportagem apurou que em anos anteriores os gastos com a empresa foram irrelevantes.

Em 2005 e 2006, no governo de Joaquim Roriz (PSC), o Grupo TBA embolsou R$ 2,4 milhões. Na gestão Arruda, foram R$ 42,6 milhões -quase 17 vezes mais. O Ministério Público lista 24 órgãos do governo com os quais a empresa B2BR, do grupo, tem contratos.

A empresa e o governador negam as acusações que foram apresentadas à Polícia Federal por Durval Barbosa, secretário de Relações Institucionais de Arruda até o mês passado, quando revelou o mensalão do DEM, um suposto esquema de arrecadação de propina e pagamento a aliados políticos.

Barbosa afirma que o Grupo TBA foi beneficiado com contratos no governo Arruda por ter abastecido o caixa dois de campanha em 2006.

Em depoimentos à Procuradoria da República, disse ainda que a empresária Maria Cristina Boner Léo, dona do Grupo TBA, enviou R$ 800 mil para o caixa dois de Arruda.

O ex-secretário afirmou também que os R$ 50 mil que deu ao governador, ainda candidato, vieram de Maria Cristina. A entrega do dinheiro foi filmada pelo próprio Barbosa.

Arruda diz que pegou o dinheiro para comprar panetones a serem distribuídos no Natal a pessoas pobres.

Nos novos depoimentos que concedeu neste mês à Procuradoria da República em São Paulo, onde está sob proteção, Barbosa passou a envolver no suposto esquema com o TBA também o vice Paulo Octávio, que permanece no DEM.

Arruda, ameaçado de expulsão, deixou a legenda e, sem partido, não pode ser candidato à reeleição.

Barbosa disse que entregou "há cerca de um ano e meio" R$ 200 mil em propina a Paulo Octávio e que o dinheiro veio da empresária Maria Cristina. A entrega teria ocorrido no hotel Kubitscheck Plaza, de propriedade do vice -que confirma o encontro, mas nega recebimento de dinheiro.

Conforme Barbosa, o vice-governador, ainda como candidato, pressionou o governo a liberar recursos para a empresa de Maria Cristina. O interesse era um contrato de R$ 9,8 milhões assinado com a empresária com dispensa de licitação. O Tribunal de Contas chegou a declarar ilegal o contrato, mas a empresa recorreu.

Fonte: Folha de S.Paulo