Coreia do Norte considera que Seul fez uma "declaração de guerra"
A Coreia do Norte qualificou hoje de "declaração de guerra" a postura da Coreia do Sul a favor de um ataque preventivo se ficar demonstrado que Pyongyang tem intenção de lançar um ataque nuclear contra si, informou a agência norte-coreana "KCNA".
Publicado 24/01/2010 13:02
A resposta agressiva de Pyongyang tende a aumentar a rispidez nas relações entre as duas Coreias, enquanto a comunidade internacional tenta fortalecer as negociações pelo desarmamento do Norte.
"As nossas forças armadas revolucionárias vão entender como uma declaração de guerra o anúncio de um 'ataque preventivo', adotado pelas autoridades-fantoche da Coreia do Sul como uma 'política de Estado'", afirmou um porta-voz do exército Norte-Coreano à agência de notícias oficial norte-coreana, KCNA.
O ministro da Defesa sul-coreano Kim Tae-young disse na semana passada que Seul "não teria outra alternativa" senão atacar primeiro, se observasse sinais claros de que a Coreia do Norte planeja um ataque nuclear. A Coreia do Norte testou duas vezes um artefato nuclear, mas há dúvidas se o país tem capacidade para criar uma bomba atômica. Analistas militares dizem que o país não tem a tecnologia suficiente para criar um artefato de guerra nuclear pequeno o suficiente para caber em um míssil. Tecnicamente, as duas Coreias seguem em guerra, uma vez que ao final da Guerra da Coreia, em 1953, nunca foi assinado um tratado de paz, mas apenas um 'cessar-fogo'.
O Norte mantém cerca de 1 milhão de militares fortemente armados e uma retaguarda de artilharia a pouco mais de 50 km da fronteira, o que poderia causar sérios danos à capital Seul. O exército sul-coreano é menor, mas é reforçado por 28 mil tropas norte-americanas e a península que abriga os dois países está no alcance das armas nucleares norte-americanas.
"O Exército do Norte tomará ações imediatas e decisivas contra qualquer tentativa das autoridades fantoche sul-coreanas de violar a dignidade e a soberania da República Popular. Essa tentativa (da Coreia do Sul) de realizar seu sonho não irá escapar de um destino miserável de proporções inimagináveis", afirma o comunicado norte-coreano, repassado por sua agência nacional de notícias.
Desde que o líder conservador sul-coreano Lee Myung-bak se tornou presidente, há dois anos, a Coreia do Norte fez movimentos para retomar seu programa nuclear. A posse de Myung-bak encerrou uma década de generosidade entre as duas nações. Na semana passada, a Coreia do Sul afirmou que esperava ver encerradas as negociações sobre armas nucleares entre as duas Coreias, China, Japão, Rússia e EUA.
A Coreia do Norte, por sua vez, afirmou que gostaria de ver encerrado o boicote internacional contra si, pedindo o fim das sanções da ONU, que danificaram a sua economia. O país também pediu, recentemente, negociações diretas com os Estados Unidos para um tratado de paz para encerrar formalmente a Guerra da Coreia, que encerrou há 57 anos.
Fonte: Reuters