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Brasil perde Neide Castanha e as crianças, uma defensora

Crianças e adolescentes de todo o Brasil perderam uma mãe na noite desta terça-feira (26). Depois de dois meses de luta contra um câncer e um dia após se internar no Hospital Santa Lúcia, morreu, em Brasília, Neide Castanha, mineira, comunista e militante a favor dos direitos humanos e sociais de crianças e adolescentes.

Neide Castanha - www.cobram.com.br

“Neide era filiada ao PCdoB do Distrito Federal, onde atuava, mas conhecida e respeitada em todas as instâncias e instituições”, lembra Santa Alves, coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM-DF), com quem Neide compartilhava os planos para o futuro. “As crianças não têm dono, são patrimônio do País”, dizia ela, nas atividades que desenvolvia à frente do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, cargo que exerceu desde 2004 até quando a doença a venceu.

Neide Castanha foi uma mulher que sempre aceitou desafios e enfrentou barreiras. Nesta terça-feira, ela encerrou uma missão iniciada na Praça da Sé, em São Paulo, durante os trabalhos da faculdade, onde começou a olhar e lutar por crianças e adolescentes carentes, famintos, violentados, necessitados –, maioria ainda invisível aos olhos de brasileiros e governantes, resumiram amigos, familiares e militantes da área dos direitos humanos que participaram do sepultamento da assistente social na manhã desta quarta-feira (27) em Brasília.

“Nossas crianças e adolescentes perdem uma grande aliada, as instituições que trabalham na área da violência sexual uma profissional comprometida com essa causa e o Brasil uma de suas maiores especialistas na área”, conta a amiga e socióloga Graça Gadelha.

Neide recebeu premiações e homenagens, como o “Prêmio Claudia 2009” e o “Prêmio Mulher Cidadã Bertha Lutz”, ambos pelo amplo trabalho realizado a favor dos direitos de crianças e adolescentes.

Formada como assistente social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Neide conquistou vitórias em sua trajetória profissional, como a mobilização nacional para aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a luta em defesa dos adolescentes privados de liberdade e a capacidade de organizar lideranças de vários países para a realização do 3o Congresso Mundial de Enfrentamento à Violência Sexual, no Rio de Janeiro, em 2008.

Neide foi também uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da metodologia de uma importante ferramenta para o combate a violência infanto-juvenil, o Disque Denúncia -100, para notificação de casos de violação dos direitos sexuais de crianças e adolescentes.

A repórter do Brasil Cultural, Suely Frota, em matéria sobre a morte de Neide Castanha, lembra que uma das primeiras reportagens que fez, ainda na faculdade, foi da mobilização do 18 de maio, Dia Nacional do Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, na Esplanada dos Ministérios, em 2006.

E conta: “Lá estava ela, orgulhosa com a grande mobilização de meninos e meninas que subiram na rampa do Congresso Nacional para entregar o abaixo assinado com cinco mil assinaturas, que reivindicava uma maior proteção as vítimas e uma consequente punição àqueles que violentam sexualmente a população infanto-juvenil do país. “Esquecer é permitir, lembrar é combater!”

Fonte: Brasil Cultural