"Não há governança sem governo", diz Tania Bacelar
“Estamos aqui discutindo padrões de cooperação entre atores sociais e governos, mas não podemos esquecer da estratégia, que é muito importante”, assim a professora da universidade de Pernambuco Tânia Bacelar abriu sua exposição no painel “Estratégia de Governança”, no domingo (31/01), último dia do Fórum Social Mundial Temático da Bahia. Na mesa, Airton Sabóia Jr., do Banco do Nordeste; os professores Ladislau Dowbor, da PUC de São Paulo; Ricardo Abramovay, da USP, e o senegalês Bernard Founou.
Publicado 01/02/2010 21:06 | Editado 04/03/2020 16:20
Tânia ressaltou a importância de saber como usar estas estratégias para fazer acontecer um governo, onde os diversos segmentos da sociedade sejam levados em consideração na hora de tomar as decisões. “Estamos em um momento em que as idéias neoliberais têm um grande impacto no mundo, mas isto está sendo questionado pela grande crise econômica mundial, que mostrou que não é possível deixar que o mercado resolva o problema. A crise mostrou que não é possível uma governança sem governo como defende o neoliberalismo”, afirmou.
Segundo Tânia, para os grandes agentes globais quanto menos regulação melhor. Por isso o ataque aos governos locais, com o desmonte dos estados nacionais, como o que aconteceu no Brasil na década de 90. “Isto se mostrou impraticável e o que percebemos foi que este modelo é impraticável”, disse.
Para a professora, a grande discussão no momento é saber qual o papel do governo. Com certeza, não é só para legitimar a violência do estado. “No nosso sistema de governança o governo tem o papel de ofertar assistência social e garantir os direitos da população. Por isso nós defendemos o Bolsa Família. Porque enquanto não tiver emprego para todos, tem sim que tirar das mãos de um para dar a outros”, defendeu Bacelar.
“O modelo de governança que eu defendo é o modelo de democracia representativa com democracia participativa. Isto seria uma combinação da participação do cidadão, do parlamentar e do Estado, como acontece com o orçamento participativo em alguns municípios”, ressaltou Tânia Bacelar. Para a professora, o Brasil precisa de um modelo de governança que trabalhe em diversas escalas, onde as decisões sejam descentralizadas, mas coordenadas, pois só assim será possível ter um governo que leve em conta toda a diversidade do país.
De Salvador,
Eliane Costa