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Justiça diz que Kassab teve 33% de doações ilegais em 2008

Um parecer técnico da Justiça Eleitoral de São Paulo mostra que o prefeito da cidade, Gilberto Kassab (DEM), arrecadou 33% das doações para a sua campanha eleitoral de 2008 de formas consideradas ilegais pelo Ministério Público Eleitoral. Com isso, o prefeito corre o risco de, caso seja condenado em primeira instância, perder o cargo. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

No parecer, a Justiça aponta três tipos de fontes de doações que seriam ilegais. A primeira delas é a Associação Imobiliária Brasileira (AIB), que teria funcionado como fachada para doações do Sindicato do setor imobiliário (Secovi). A segunda seriam as empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, Serveng Silvisan, CR Almeida, Carioca Christiani Nielsen, S.A. Paulista e Engeform, por serem construtoras acionistas de concessionárias de serviços públicos.
A terceira fonte considerada ilegal foi o Banco Itaú S.A. A instituição não poderia fazer doações à campanha porque a prefeitura paga parte de seus funcionários por este banco. A defesa do prefeito Gilberto Kassab afirmou que ele não recebeu doações ilegais na campanha de 2008. As empresas apontadas como fontes ilegais também afirmam que não cometeram irregularidades.

Inferno astral

As más notícias para Kassab não estão apenas na Justiça Eleitoral. A administração do prefeito também vem recebendo críticas severas de vários setores, especialmente por causa das consequências das fortes chuvas das últimas semanas. Mas o fraco desempenho do govero demotucano de São Paulo vai além da incompetência para lidar com o problema das enchentes.

Com o revelador título "Kassab já cumpriu 6 metas. Faltam 217", o Jornal da Tarde revelou, em sua edição de terça-feira (2), que a gestão do prefeito cumpriu no primeiro ano da administração apenas 3% das metas previstas para serem atingidas até o fim do mandato, em 2012. Dos 223 objetivos estabelecidos, seis foram alcançados até dezembro, segundo balanço divulgado pela Prefeitura no site www.agenda2012.com.br.

De acordo com o relatório, outras 18 metas ainda não haviam começado a ser implementadas. Entre elas, o investimento de R$ 300 milhões no Rodoanel, a pavimentação de 200 quilômetros de ruas e avenidas e a qualificação de 50 mil trabalhadores pelo ensino à distância, entre outras.

As 199 metas restantes estão em andamento, segundo os dados disponíveis na internet. Dessas, várias estão na etapa de “levantamento de dados”, como a construção de 15 Centros de Atenção Social à População Idosa. Outras estavam em fase de “definição da região”, como a criação de nove centrais de triagem de material reciclável.

Pelo menos dois projetos “em andamento”, segundo o site, estão sem informação: a construção de dois novos terminais rodoviários e a capacitação de 1.200 trabalhadores informais.

Menos investimento

O cumprimento do Plano de Metas está diretamente relacionado ao nível de investimento feito pela Prefeitura, afirma o especialista em finanças públicas da Faculdade de Economia e Administração da USP, Adriano Biava.

“A maior parte das metas está relacionada à execução de obras”, afirma. “Se há corte nos investimentos, o ritmo das obras é afetado, reduzindo a possibilidade de cumprir as metas”, diz.

A execução das obras previstas foi afetada pelo congelamento do orçamento feito por Kassab no ano passado. Ele alega que o corte foi necessário para compensar a redução da receita decorrente da crise mundial. Reportagem do JT na semana passada mostrou, porém, que o governo municipal reduziu os investimentos em 18%, apesar de a arrecadação ter aumentado 3,6% em relação a 2008.

“Espero que esses balanço sirva como alerta para o governo municipal”, afirma Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo, que idealizou o plano de metas. “O tempo está correndo. Se deixar para a última hora, não vai cumprir o que está previsto”, diz.

De acordo com Grajew, o sistema elaborado pela Prefeitura de São Paulo deve ser mais detalhado e informar metas de resultados para cada distrito da cidade. “Além do número de hospitais construídos, é preciso informar quanto será reduzida a mortalidade, por exemplo”, explica.

Da redação,
com agências