Banco Central: Ata do Copom indica que haverá alta dos juros
O Banco Central (BC) avaliou nesta quinta-feira que em meio aos sinais de retomada da demanda doméstica, os “riscos” para a inflação podem aumentar e que, portanto, a política monetária precisa ser "especialmente vigilante".
Publicado 04/02/2010 13:45
Na ata de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC apontou como principais “riscos” para a inflação uma eventual elevação dos preços de commodities internacionais e, internamente, os efeitos cumulativos e defasados das medidas de estímulo econômico.
"O Copom avalia que, diante dos sinais de retomada da demanda doméstica, ocasionando redução da margem de ociosidade dos fatores de produção, evidenciada por indicadores de utilização da capacidade na indústria e do mercado de trabalho, e do comportamento recente das expectativas de inflação, podem aumentar os riscos para a concretização de um cenário inflacionário benigno", afirmou o documento.
"Nesse ambiente, cabe à política monetária manter-se especialmente vigilante para evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos."
O BC ressaltou que se houver riscos para a consolidação de um cenário benigno de preços, a política monetária será prontamente adequada à situação. O BC disse que as perspectivas para a economia doméstica continuam favoráveis, citando os dados de comércio, utilização da capacidade instalada na indústria, mercado de trabalho e oferta de crédito.
"A se confirmar a perspectiva de intensificação das pressões da demanda doméstica sobre o mercado de fatores, a probabilidade de que desenvolvimentos inflacionários inicialmente localizados venham a apresentar riscos para a trajetória da inflação poderia estar se elevando", acrescentou.
Nesse cenário, também se elevaria o risco de repasse de pressões no atacado para o varejo, segundo a ata. Assim, o BC também monitorará "com particular atenção" as perspectivas de inflação do mercado, que se elevaram desde a última reunião, em dezembro. Segundo o Focus, o mercado estima uma alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano de 4,62%, acima do centro da meta de 4,5%, que tem tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
A previsão do Copom para a inflação deste ano também se elevou desde a reunião anterior, "mas segue ao redor do centro da meta". O prognóstico para 2011 foi mantido, "em torno" do centro. O BC não divulga na ata os números específicos, apenas no Relatório de Inflação. A ata é referente à reunião realizada nos dias 26 e 27 de janeiro, quando o Copom manteve a Selic em 8,75% ao ano.
Avaliação dos bancos
Os bancos, obviamente, gostaram da avaliação. Em relatório, o Bradesco afirmou que a ata "reforça o papel da política monetária de zelar para que as pressões inflacionárias sigam contidas". O banco prevê ainda alta nos juros para abril deste ano sem descartar uma antecipação, caso os "desdobramentos até a reunião de março se revelem desfavoráveis para a inflação."
O banco Santander se mostrou um pouco mais pessimista. Segundo o banco, a ata deixou uma mensagem de que a "convicção quanto ao quadro inflacionário favorável deixou de existir" e o "balanço de riscos piorou de forma clara". No entanto, o banco faz a ressalva de "existem dúvidas quanto a uma deterioração rápida do cenário", o que faz com que o BC, de acordo com banco, aguarde mais uma reunião antes de começar a aumentar os juros.
Com agências