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Católicos e protestantes fecham acordo histórico em Belfast

Os poderes judiciais, sobre os tribunais e a polícia, na Irlanda do Norte vão ser transferidos de Londres para Belfast a 12 de Abril, nos termos de um acordo histórico assinado entre as forças católicas e protestantes.

O pacto firmado entre o Sinn Féin e o Partido Democrata Unionista (DUP), no âmbito do processo de paz no território, permitirá que a Irlanda do Norte tenha o seu primeiro próprio ministro da Justiça – o que constitui um dos mais importantes passos desde os Acordos de Sexta-Feira Santa, assinados em 1998.

O primeiro-ministro britânico Gordon Brown saudou, esta sexta-feira, o acordo que fará com que esta região dê assim mais um passo em direção à bem-sucedida conclusão de seu processo de paz.

Ao lado do chefe de governo da Irlanda, Brian Cowen, e do ministro principal norte-irlandês, o unionista Peter Robinson, e seu adjunto no governo, o republicano Martin McGuinness, Gordon Brown referiu-se ao acordo entre o Sinn Féin e o Partido de União Democrática (DUP) como “inspirador” e “uma base para uma paz futura duradoura”.

Brown declarou que o acordo tinha sido possível por causa de "um novo espírito de cooperação mútua e respeito". A coletiva de imprensa aconteceu no Castelo de Hillsborough, ao largo de Belfast.

As duas partes chegaram ao entendimento sobre um calendário para que Londres transfira o comando da polícia e da Justiça, o que deve ocorrer no próximo dia 12 de abril.

Este é visto como o último obstáculo para a aplicação efectiva dos termos dos acordos de paz de 1998, que acabaram com 30 anos de violência na Irlanda do Norte e chega duas semanas após uma reviravolta nas negociações, pondo fim aos temores de que a partilha do poder do governo poderia entrar em colapso.

O acordo diz que o governo autônomo recuperará de Londres os dois poderes, cujo controle será assumido por David Ford, líder do Partido da Aliança que integra membros da comunidade católica e protestante.

Atende também a uma exigência fundamental do Sinn Féin e impede que o Partido Republicano desista da partilha do poder executivo. Em contrapartida, o DUP tem garantido reformas no modo como são tratadas as marchas lealistas na Irlanda do Norte, incluindo a abolição da Comissão de Desfiles.

O secretário da Irlanda do Norte, Shaun Woodward, afirmou que o acordo irá isolar ainda mais os dissidentes republicanos que encetaram ataques com bombas e armas contra estações de polícia na região, durante os últimos 10 dias. O acordo tornará "absolutamente, a Irlanda do Norte um lugar mais seguro”, disse em declarações citadas pelo The Guardian.

Por sua vez, o líder do DUP, Peter Robinson, afirmou que o acordo "irá ser mais duradouro por causa do tempo dispendido na sua negociação”.

Referindo-se ao Acordo de Belfast de 1998, quando as negociações só deram frutos na “11.ª hora”, o presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, descreveu o acordo em curso e a garantia do governo partilhado como "mais uma boa sexta-feira".

Fonte: Esquerda