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Chávez anuncia estratégia ante crise energética

Investir mais, reduzir o consumo de eletricidade e diversificar as fontes de energia. Esses são os três pilares da estratégia lançada nesta terça-feira (09) pelo governo venezuelano para sobreviver à crise energética e sair dela mais forte e melhor preparado.

A princípio, o presidente Hugo Chávez estabeleceu durante 60 dias, renováveis, o estado de emergência no sistema elétrico de todo o país. Ontem se conheceu a primeira medida: descontos de até 50% nas contas para os que gastarem menos e sobretaxas de até 200% para as famílias e empresas que aumentarem o seu consumo em 20%.

Como medida conjuntural, Chávez instituiu um estrito limite ao consumo doméstico. A partir de ontem todas as casas e empresas devem reduzir seu consumo em 10% ou receber um aumento de 75% na próxima fatura. Aqueles que gastarem mais do que no mês anterior terão uma sobretaxa que pode variar entre 100 e 200% da fatura.

Serão considerados consumidores residenciais os que utilizem até 500 quilowatts por mês. Enquanto isso, as indústrias também serão observado de perto. Elas são forçados a reduzir o seu consumo em até 20% e se não cumprirem a meta serão punidas com o corte de 48 horas ou por tempo indeterminado.

Essa é a amedida para sobreviver à crise. Para sair mais forte a partir dela, Chávez pediu a seus aliados que proponham ideias e soluções. "Cada governo está enviando seus técnicos para conhecer a situação e ver o que eles podem oferecer à Venezuela", disse o embaixador venezuelano em Buenos Aires, Arevalo Mendez Romero. Até agora, três comitivas estrangeiras passaram por Caracas: uma cubana, uma brasileiro e outra argentina, liderada pelo ministro do Planejamento, Julio De Vido.

Chávez já anunciou um plano para distribuir 80 milhões de lâmpadas de baixo consumo e pediu a seus ministros que desenhem um plano de educação sobre o uso responsável da energia, duas lições importadas de Cuba. Do Brasil, ele buscará assessoria para melhorar a infraestrutura. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou um grupo de técnicos da represa hidroelétrica que compartilha com o Paraguai, Itaipu. Segundo o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, os funcionários deram uma conselho: potencializar o uso dos recursos à mão.

A principal causa da crise venezuelana, de acordo com Chávez, é que o país depende praticamente de uma única fonte de energia, a hidroelétrica, e de um único reservatório, o de Guri. Segundo estimativas oficiais, a barragem, agora deprimida pela seca causada pelo El Niño, produz 70% do consumo interno.

Além de melhorar o que já tem, o governo venezuelano se comprometeu a diversificar as fontes de energia. No início de março, assinará um acordo com a presidente Cristina Fernández Kirchner, da Argentina, para instalar na Venezuela o primeiro parque de energia eólica e já está considerando a possibilidade de incluir a construção de uma fábrica de turbinas eólicas, as torres que produzem energia a partir do vento.

A outra fonte a explorar será o gás. "Sempre se ocultou que na Venezuela havia gás. Nossa reserva é a oitava do mundo, no entanto, não a utilizmos ", declarou o embaixador Mendez. De acordo com ele, já chegaram dos Estados Unidos três balsas geradoras a partir de gás e estão sendo instaladas 16 pequenas estações móveis a de óleo combustível nas zonas mais afetadas do país. Estas últimas instalações são de execução rápida, mas muito caras e poluentes. "Sevem para agora, depois teremos que nos concentrar no gás, que é mais limpo", disse o embaixador venezuelano.

A crise enrgética na Venezuela afeta o governo a sete meses das eleições legislativas de setembro, em que Chávez pretende manter a maioria da Assembleia Nacional para continuar as reformas que iniciou. A oposição tem aproveitado o problema decorrente da seca para atribuí-lo à falta de investimentos no setor e de preparação para enfrentar o crescimento do consumo.

Com Página 12