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Presidente do Irã elogia Brasil como mediador da crise

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, defendeu nesta terça-feira uma possível mediação do Brasil na crise nuclear entre seu país e os Estados Unidos. Em entrevista coletiva dada em Teerã, ele disse que o Brasil é um "bom amigo", que, tal como o Irã, "procura mudar as coisas" e avaliou que os esforços brasileiros de mediação "seriam frutíferos".

"Temos muitos amigos no mundo interessados em ajudar e colaborar e que, como nós mesmos, não estão de acordo com as tensões e buscam a paz", afirmou Ahmadinejad. "Entre eles estão o povo e o governo do Brasil, com quem mantemos boas relações. O Brasil foi um dos países que defendeu o Irã", acrescentou Ahmadinejad.

O presidente iraniano, que visitou Brasília em novembro, salientou que o Irã aceitaria a participação e os esforços do Brasil numa mediação do conflito, que, para ele, "seriam frutíferos".

Em visita a Madri, o chanceler Celso Amorim confirmou hoje à agência Efe que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve viajar ao Irã em 15 de maio, retribuindo a visita de Ahmadinejad. Sem se alinhar de forma acrítica com Teerã, a diplomacia brasileira defende que seria copntraproducente marginalizar o país, que tem 70 milhões de habitantes, uma história multimilenar e é um grande exportador de petróleo.

Amorim voltou a defender uma via nova, de diálogo, na busca de uma solução para a questão nuclear iraniana. Segundo o chanceler brasileiro, o presidente Lula o encarregou de fazer gestões e participar de vários diálogos de modo a abrir caminho para uma solução negociada.

O ministro disse que, após conversas com as autoridades iranianas e ocidentais, vê que a distância para se chegar a isso "não é tão grande". Comentou que "talvez seja questão de se sentar à mesa e ver se realmente é possível preencher as brechas que ainda existem".

"A impressão que tenho é que não é impossível e acho que seria um desejo do governo iraniano fazê-lo, depende da vontade política, da percepção que esse caminho, embora possa parecer um pouco tortuoso, é talvez o mais seguro", acrescentou.

Na véspera, o Brasil mediu cuidadosamente suas palavras ao se pronunciar sobre a situação iraniana quando esta foi examinada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. A embaixadora Maria Nazareth Farani Azevedo, representante do Brasil, disse que o país teria "desafios" na área de direitos humanos, como a situação das crianças e mulheres. "Encorajou" Teerã a manter um "diálogo respeitoso com grupos políticos e sociais diferentes". Sugeriu ainda uma moratória na aplicação da pena de morte. Mas não aderiu às recriminações do grupo capitaneado pelos EUA.

Maria Nazareth abordou também a questão nuclear, repetindo o que o chanceler Celso Amorim disse em Madri. "O multilateralismo e o diálogo são os caminhos a serem tomados", defendeu. A coletiva de Ahmadinejad indica que as palavras da diplomata brasileira foram bem recebidas e ajudaram a manter aberta a porta de uma solução negociada.

Da redação, com agências

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