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8 de março inaugura com vigor mobilizações de 2010

A primeira grande agenda de mobilização dos movimentos sociais brasileiros em 2010 já está marcada há 100 anos. Trata-se do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. Durante as atividades do Fórum Social Mundial em Porto Alegre e em Salvador, em janeiro, as entidades dos movimentos sociais se reuniram e definiram uma intensa agenda de mobilizações que se inicia com as passeatas pelos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, com pautas que visam igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Clara Zetkin propôs, durante a 2a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, na Dinamarca, a criação de um Dia Internacional da Mulher. O ano era 1910. Desde então, todos os anos as mulheres realizaram atividades de luta pela conquista de direitos e ao longo da história o dia 8 de março se consolidou como dia de comemoração e luta.

Panfleto do show "Faces de Mulher", em Curitiba (PR)

Neste ano que marca o centenário da definição do Dia Internacional da Mulher, todos os estados brasileiros devem realizar atividades lembrando a data histórica. Muitos deles prometem grandes mobilizações de rua, como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Amazonas e Goiás. No Paraná, após a passeata, marcada para o dia 6, as entidades feministas realizarão a segunda edição de um show apenas com cantoras, chamado “Faces de Mulher” no dia 8 de março. A primeira edição do evento ocorreu no período das comemorações do 8 de março em 2009.

Em São Paulo, além da manifestação considerada a grande atividade nacional, que será no dia 8 às 10h30 na Praça do Patriarca que há dois anos o movimento rebatizou como “Praça da Matriarca”, a UBM organiza em conjunto com o gabinete do vereador Jamil Murad (PCdoB) uma exposição da artista plástica e militante Edíria Carneiro, viúva do dirigente comunista João Amazonas.

UBM com cara própria

Além das atividades unificadas, em que participam da organização as diversas entidades feministas, a União Brasileira de Mulheres (UBM), definiu uma data que marcará as suas atividades próprias, que será o 10 de março. Após participar das atividades unificadas no dia 8, a UBM ocupará ruas, auditórios e outros espaços com panfletagens pelas vias públicas e em portas de fábricas, com atividades culturais, debates, seminário e toda sorte de ações em comemoração aos 100 anos da definição do Dia Internacional da Mulher e com uma bandeira bem definida: “Mais poder político para as mulheres”. A UBM lançou uma nota de mobilização para o 8 de março com esta bandeira , assim como a Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM). Ambas notas podem ser conferidas ao final desta matéria.

Para a presidente da UBM, Eline Jones, a grande marca da conquista das mulheres nesses cem anos é “a compreensão de que as questões das relações de gênero, dos direitos da mulher, são uma responsabilidade do Estado. As questões de saúde da mulher, violência contra a mulher são questões sociais, saem do âmbito do privado. Esta é a grande conquista”. Entretanto, Eline diz que ainda há muito o que conquistar: “faltam muitas conquistas legais, para institucionalizar a igualdade de direitos, e é preciso também fazer com que as leis que existem se cumpram na vida, na realidade”. Eline Jones dá como exemplo de uma lei que ainda muitas vezes encontra dificuldade para ser cumprida a consolidada licença-maternidade. Segundo a presidente da UBM, em geral as mulheres são pressionadas pelas empresas a ficarem de licença no máximo três meses, ao invés dos quatro meses garantidos pela legislação.

Outro desafio que ela apresenta como assunto na ordem do dia é a questão da violência contra a mulher. Eline explica que existe uma relação de propriedade sobre o corpo da mulher e por isso a violência muitas vezes é naturalizada. Para a feminista, muitas dessas mudanças estão no âmbito cultural, da educação, da formação dos cidadãos.

PCdoB e os 100 anos do 8 de março

O PCdoB também organiza sua própria atividade de homenagem aos 100 anos do dia 8 de março. Aliás, diversos partidos realizarão atividades, até no sentido de valorizar o fato do campo progressista ter pela primeira vez uma forte candidata à presidência da república em seu horizonte. A atividade que a secretaria de mulheres do PCdoB organiza em conjunto com a Fundação Maurício Grabois e o Forum Nacional Permanente do PCdoB sobre a Questão da Mulher, é um Seminário Nacional em comemoração aos 100 anos do 8 de Março, nos dias 19 e 20 de março, no Rio de Janeiro.

O ato político de abertura do seminário pretende contar com a presença da Ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres. Os eixos de debate serão: O 8 de Março e a Luta pelo Socialista; Mulher e Trabalho: Conquistas e Desafios; e O Poder das Mulheres e as Mulheres no Poder.

Mobilizações acumulam para 31 de maio

Após o 8 de março, já está definida intensa agenda dos movimentos sociais para o semestre: em março, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacioanld os Pós-Graduandos (ANPG) realizam sua jornada de lutas; em abril a ANPG realiza seu congresso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fazem jornada de luta pela Reforma Agrária  a Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam) realiza assembleias de moradores por todo o país para debater a Reforma Urbana; em maio as Centrais prometem grandes mobilizações pela redução da jornada de 44 para 40 horas semanais durante as atividades do Dia do Trabalhador, em 1º de maio.

Todas estas atividades acumulam debate e mobilização para o momento em que o conjunto dos movimentos sociais brasileiros se organizam para reunir ao menos 10 mil militantes de entidades dos mais diversos segmentos na Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, marcada para 31 de maio em São Paulo (SP). Um dia depois, em 1º de junho, também em São Paulo, ocorre a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (2ª Conclat), reunindo as seis centrais sindicais legalizadas em um encontro de milhares de sindicalistas. Junho será também o mês dos congressos da UBM e da União da Juventude Socialista (UJS).

Este conjunto de mobilizações, congressos e atividades dos movimentos sociais brasileiros pretendem pressionar por bandeiras que podem e o movimento espera que sejam conquistadas ainda neste governo, como a redução da jornada e a nova lei do petróleo, com garantia de 50% das verbas do Fundo Social do Pré-Sal para a educação; mas também servirá de ambiente político importante para a elaboração da plataforma dos movimentos sociais aos candidatos nas eleições 2010 e principalmente como instrumento de mobilização popular, a ser utilizado durante e após as eleições 2010, na busca de um Brasil cada vez mais justo e soberano.

De São Paulo, Luana Bonone