Festa e luta: Carnaval Vermelho do MST chega em 70 fazendas de SP

Para muita gente o carnaval é apenas sinônimo de festa. Já para o MST ele também pode ser um espaço de luta. Tanto que, em plena terça-feira de carnaval (16/02), 70 fazendas tiveram suas entradas ocupadas, no oeste de São Paulo, pelo movimento. A mobilização merece ser valorizada, já que poucas entidades conseguem realizar uma ação desta envergadura em plena “festa da carne”. O Carnaval Vermelho continua e não tem data para acabar.

Inicialmente o Carnaval Vermelho pretendia montar acampamentos na entrada de 61 fazendas nas regiões do Pontal do Paranapanema e Alta Paulista, atingindo 36 municípios. Mobilizando cerca de cinco mil pessoas e utilizando caminhões, carros e ônibus, a ação liderada por José Rainha ultrapassou as expectativas e atingiu 70 fazendas, com novos acampamentos montados na região de Araçatuba.

Segundo Rainha, era preferível acampar na entrada das fazendas – e não ocupá-las – porque o Incra está proibido, por lei, de desapropriar fazendas invadidas, dentro do programa governamental de reforma agrária. "Já que não podemos ocupar, queremos denunciar à sociedade que são terras públicas, griladas, ou fazendas improdutivas que devem ser destinadas para a reforma agrária", afirmou a liderança.

Conflitos

Seguranças da Fazenda São João, em Mirante do Paranapanema, no Pontal, reagiram à ocupação da estrada de acesso à fazenda. O conflito – felizmente sem feridos – foi mediado pela Polícia Militar. O coordenador local dos sem-terra, João da Silva, afirmou que os "jagunços" contratados pela fazenda ameaçaram voltar à noite para "liquidar" os manifestantes. Contou que os homens tinham "armas compridas", possivelmente carabinas e espingardas. Mas a Polícia Militar informou que os seguranças portavam armas registradas e eram funcionários de empresa de segurança legalizada.

Já a Fazenda Bandeirantes, em Salmourão, na Alta Paulista, obteve da Justiça uma liminar dada em interdito proibitório – medida judicial de proteção à propriedade – em razão de 200 pessoas estarem ocupando os limites da fazenda. Com essa medida, havendo descumprimento, a polícia pode ser acionada para prender os membros do movimento.

Fonte: da redação, com agências

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