Secretaria de Mídia discute passos iniciais para sua implantação
O segundo e último dia do Encontro Nacional de Comunicação do PCdoB foi marcado por um amplo debate em torno dos primeiros passos, constituição e objetivos gerais da nova Secretaria Nacional para a Questão da Mídia. “É algo totalmente novo que vamos construir com o empenho coletivo do partido”, disse Altamiro Borges, secretário à frente da pasta. Realizado durante os dias 27 e 28, o encontro reuniu secretários de Comunicação e jornalistas de 19 estados em São Paulo.
Publicado 28/02/2010 18:09
Segundo Miro, a nova frente de atuação dos comunistas surge estimulada por três fatores fundamentais: a ampliação da luta pela democratização da mídia, que ganhou novo fôlego a partir da realização, em dezembro, da 1ª Conferência Nacional de Comunicação; o grande avanço dos espaços de mídia alternativa no país e a crescente participação e consolidação da atuação do partido na luta pela democratização da mídia.
“O fato de os grandes meios de comunicação terem batido no governo Lula desde seu primeiro mandato de certa forma contribuiu para que o governo passasse a procurar formas de enfrentar o problema da grande concentração da mídia em nosso país”, explicou o dirigente. A constituição da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e a realização da Confecom simbolizam essa nova posição.
Ainda de acordo com Miro, “tem crescido o número de instrumentos alternativos de comunicação a partir do aumento no número de rádios e tevês comunitárias e estes, juntamente com a internet, são espaços de atuação contra-hegemônica que devem ser valorizados e fortalecidos”.
Visando preparar a nova Secretaria para que ela cumpra seu papel precípuo, foram colocados cinco objetivos básicos: envolver a militância comunista na luta estratégica pela democratização dos meios de comunicação, participando dos fóruns existentes e criando novas iniciativas; lutar pela implementação das propostas da Confecom e participar dos espaços públicos que serão criados, como os conselhos nacional e estaduais de comunicação; inserir o partido nas iniciativas populares de comunicação, fortalecendo as rádios e tevês comunitárias, fóruns de blogueiros, articulações de mídia alternativa etc.; apoiar e participar do processo de fortalecimento do sistema público de comunicação e desenvolver estudos e pesquisas que municiem a militância na luta pela democratização da mídia.
Também foram propostas três frentes centrais de atuação: a luta pela democratização da comunicação propriamente dita; participação nas iniciativas de mídia popular e livre; a atuação na frente institucional e o maior relacionamento com a área acadêmica. Além disso, foi apresentada uma sugestão de montagem de um fórum nacional de comunicadores e de grupos de trabalho divididos em rádios e tevês comunitárias, redes públicas e internet.
Confecom
Renata Mielli, membro da nova secretaria, apresentou um balanço da atuação dos comunistas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação. “Foi um marco no país, que nunca havia discutido essa questão no âmbito do governo federal”, destacou. Para ela, a discussão da democratização dos meios de comunicação está casada com a luta do PCdoB pela implantação de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. “Este é um debate que deve estar presente na sociedade e para isso, precisamos de instrumentos de comunicação”.
Segundo ela, a Confecom teve, como um de seus principais méritos, “o envolvimento de amplos setores da sociedade” num processo de debates que envolveu todos os estados da Federação. “Antes da chegada de Lula ao poder, a dificuldade para discutir essa questão era muito maior e o governo bancou a Conferência mesmo com boicotes dos setores empresariais. Afinal, discutir a comunicação é discutir a disputa de poder”, constatou. “As associações e empresas que resolveram se retirar dos debates tentaram, a todo custo, deslegitimar a Conferência usando o velho argumento da censura e da liberdade de expressão”, lembrou.
Renata ressaltou também que a bancada comunista presente na Confecom teve importante papel nas articulações, especialmente em momentos de divergências entre os atores sociais e políticos presentes. “Mas, luta pela democratização da mídia é um tema novo e exige um trabalho ainda maior – papel a ser desenvolvido pela secretaria – para que preenchamos as lacunas existentes e possamos fortalecer esta bandeira, essencial ao nosso desenvolvimento”.
As opiniões colhidas nesse encontro serão acrescidas às propostas que, uma vez finalizadas, ajudarão a orientar a atuação do PCdoB na área. Em abril, será realizado um seminário específico sobre o tema mídia e eleições a fim de preparar o partido para a batalha de outubro.
De São Paulo,
Priscila Lobregatte
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