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Encontro debaterá mudanças político-organizativas no PCdoB

Dias 6 e 7 de março acontece em Brasília o Encontro Nacional de Organização do PCdoB, espécie de marco inicial da aplicação da Política de Quadros aprovada no 12º Congresso. “O encontro envolve uma mudança de cultura político-organizativa. Precisamos de agilidade para acompanhar a velocidade com que as coisas se alteram e nos adaptar à nova realidade”, diz Walter Sorrentino, secretário de Organização.

O Encontro reunirá secretários estaduais, de capitais e de municípios com mais de 100 mil habitantes e terá a abertura feita pelo presidente do PCdoB, Renato Rabelo, que falará sobre o cenário político e os desafios do partido para as próximas eleições.

Em seguida, Walter Sorrentino abordará o Plano de Trabalho de Organização, cujos temas centrais serão a problematização da Política de Quadros e da vida militante; os elementos que constituem o planejamento estratégico de organização e uma informação geral sobre a implantação do Departamento Nacional de Quadros, da Rede Quadros, do portal nacional da Organização e do sistema de gestão integrada. Para debater estes assuntos, foi elaborado um documento que, após o encontro, será atualizado conforme os debates e servirá de guia para a atuação das secretarias de Organização do PCdoB.

Contexto geral

De acordo com Walter Sorrentino, o aperfeiçoamento da organização partidária e a aplicação de uma política de quadros baseada nas necessidades do PCdoB partem de um contexto nacional e internacional que exige dos comunistas uma nova forma de atuação. “O Brasil está diante de uma realidade muito promissora tanto no plano interno como no que diz respeito ao seu lugar no mundo. A batalha eleitoral é um desafio histórico que teremos de enfrentar para manter esse ciclo e alcançar um terceiro mandato do povo brasileiro”.

O dirigente ressalta que o momento atual “é algo inteiramente novo, que nenhum brasileiro vivo viu acontecer antes. É sempre importante enfatizarmos isso porque a política se faz no cotidiano e muitas vezes perdemos a noção histórica do que estamos vivendo”.

Ao mesmo tempo, Sorrentino destaca o contexto internacional. “A correlação de forças no mundo está mudando de uma maneira muito rápida e profunda como nunca vimos antes. Os Estados Unidos estão patinando e levarão muito tempo para digerir as dificuldades que enfrentam. A Europa se paralisou com cinco ou seis países em total default; o Japão está em catatonia há 15 anos. Do outro lado, China, Índia, Brasil e África estão cheios de perspectivas”.

O desafio do PCdoB neste cenário é se adaptar à realidade sem perder seu rumo. “O 12º Congresso armou o partido com uma linha de intervenção nacional e internacional muito justa e adequada. Temos que tirar consequência disso porque numa realidade desse tipo o partido precisa estar muito mais forte política, eleitoral e socialmente e com uma base militante robusta”.

Nova direção organizativa

As discussões congressuais encerradas em novembro deixaram claro que o PCdoB necessita de uma mudança de direção organizativa, uma vez que os comunistas almejam atingir um novo nível de construção orgânica, ideológica e política para poder lidar com a nova realidade nacional e internacional e assim contribuir com mais peso para a construção do caminho (o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil) e do rumo (o socialismo), assumidos pelo partido.
Com a aprovação da nova Política de Quadros, o PCdoB visa construir um partido combativo e unido, imerso na luta política, social e de ideias, apto a lutar pela hegemonia no rumo de seu projeto programático; combinar de forma justa a atuação dos quadros na esfera político-institucional no seio do Estado com a perspectiva estratégica de acumulação de forças para mudanças profundas na sociedade e alcançar uma estável e extensa militância, mais estruturada em organizações partidárias definidas desde a base.

Conforme explica Walter Sorrentino, a mudança de gestão do PCdoB nesses termos “consiste essencialmente em governá-lo pela Política de Quadros; implantar decididamente o Departamento Nacional de Quadros com uma série de medidas concretas e fazer com que toda a direção do partido atue no sentido de ampliar e fortalecer a vida militante em suas mais variadas formas organizativas”.
Ele enfatiza que “nunca conduzimos o trabalho organizativo desse modo, próprio de um partido que cresceu, se tornou mais complexo e mais influente e que precisa ser ainda maior, mais complexo e mais influente. Por isso, a participação das direções locais é fundamental”.

O conjunto de ações traçadas para o quadriênio 2010-2013 – quando acontece o 13º Congresso – visa a trabalhar com uma organização que dê conta de atingir cerca de 500 mil filiados (hoje, são 250 mil) e que chegue a três mil municípios, com foco especial naqueles que tenham mais de 50 mil habitantes.

No que diz respeito especificamente ao Departamento Nacional de Quadros (DNQ), o partido espera alcançar até 2013 um montante de dois mil quadros superiores cadastrados e levantar ao menos 400 candidaturas ao Comitê Central, intensificando a proporção de mulheres, jovens, trabalhadores e de lideranças da luta de ideias.

Quanto aos quadros intermediários e de base, a meta é alcançar até o 13º Congresso um montante de seis mil cadastros e ao menos 100 grandes municípios plenamente presentes no sistema nacional de quadros; e avançar em políticas específicas nos segmentos das áreas de Estado, cultura, ciência e na academia, possibilitando aglutinar os quadros aí atuantes.

Ferramentas

Viabilizar essas metas depende de instrumentos adequados. Por isso, a Organização quer montar um sistema de gestão integrada da vida partidária usando a tecnologia da informação integrada ao DNQ, o que envolve um conjunto de projetos entre eles a constituição de uma rede feita a partir do auto-cadastramento dos quadros partidários. “Dessa forma, poderemos ter acesso à realidade dos quadros praticamente em tempo real, o que nos permitirá instituir de fato medidas de direção. Nesse departamento, vamos dar corpo àquilo que o congresso apontou: construir conscientemente a nova geração dirigente do partido dos próximos dez anos e garantir a formação de quadros intermediários para dotar o partido de mais vida militante de base”.

Aliada a essas medidas está também a formação de uma teia envolvendo militantes e secretários que terá como principal base o portal da Secretaria de Organização, a ser implantado em breve com acesso através da página do PCdoB na internet. “Será uma ferramenta de rede social, ou seja, vamos inscrever centenas de secretários municipais e estaduais de Organização, além de quadros variados, para debater em tempo real através de chats, vídeos-conferência, artigos etc. as ações de organização do partido. Afinal, já não é mais possível – dado o tamanho do partido e do país – dirigir o PCdoB apenas mediante reuniões presenciais. A tecnologia nos permite estabelecer novos liames”.
Para Sorrentino, essas iniciativas somam-se a outras do partido ajudando a enfrentar questões ainda não solucionadas. “Há muita reticência – mas não resistência – no PCdoB sobre a questão da vida da militância de base porque hoje a atividade política está desmoralizada e a dedicação de energia militante é muito questionada nesse ambiente de individualismo exacerbado e consumismo. Mas, temos dito que ter vida militante de base e criar laços entre militantes e partido funciona como um antídoto a tudo isso”.

Na avaliação do dirigente, o principal desafio colocado na área organizativa está na intersecção entre a política de quadros e a vida militante de base. “A questão é fazer com que aquele dirigente intermediário dos municípios do interior compreenda e participe conosco desse esforço. A chave para um partido comunista de massas está essencialmente nesses quadros intermediários. E para isso precisamos formar uma infinidade deles, que serão responsáveis pela sustentação da vida militante de base”.

De acordo com Sorrentino, “a direção nacional não pode se contentar apenas em dirigir comitês estaduais; tem de conseguir chegar ao miolo do partido que são esses quadros intermediários e o encontro tem de debater as formas de se chegar a esse resultado”.

Da redação,
Priscila Lobregatte