CDDM e governo da Bahia lançam a agenda do Março Mulher

Debates, protestos, palestras, marchas, shows e uma campanha publicitária marcarão a celebração do centenário do Dia Internacional da Mulher na Bahia. A maior parte destes eventos, que acontecem na capital e no interior, está na agenda unificada do Março Mulher, uma iniciativa desenvolvida em parceria entre o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM) da Bahia e o Governo do Estado, que foi lançada oficialmente nesta sexta-feira (5/3), em Salvador.

Em sua segunda edição, o Março Mulher tem o objetivo de destacar a importância da participação feminina nos diversos segmentos da sociedade e estimular a ampliação dessa presença nos espaços de poder. O projeto busca também potencializar o compromisso dos Governos Estadual e municipais com a implementação do 2º Plano Estadual de Políticas para as Mulheres.

A agenda unificada do Março Mulher inclui eventos como a marcha das mulheres de Salvador, marcada para o dia 8, às 16h, no Campo Grande; a mesa redonda sobre as mulheres e a reforma política (dia 11); um painel com as ministras da Casa Civil, Dilma Roussef, e da Secretaria Especial de Política para as Mulheres Nilcéia Freire (dia 15); o encontro das lideranças femininas das nações de religião de matriz africana (dia 26); além de sessões solenes em Câmaras de Vereadores, oficinas, palestras e outras dezenas de atividades espalhadas por todo o estado. A agenda completa e detalhada está disponível na página da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade: www.sepromi.ba.gov.br .

Mulheres de destaque

Já na solenidade de lançamento, o Março Mulher mostrou seu alcance. Na mesa, a secretária da Sepromi, Luíza Bairros; a presidente em exercício do CDDM, Maria Conceição Borges; a defensora pública, Maria Célia Padilha, e a deputada federal e secretária estadual da Mulher do PCdoB, Alice Portugal. Na platéia, lideranças religiosas, sindicais, políticas e representantes de dezenas de entidades do movimento social. As vereadoras Aladilce Souza e Olívia Santana do PCdoB e Marta Rodrigues(PT) entre outras lideranças que compareceram ao evento.

Além da agenda, o Março Mulher também terá uma ampla campanha publicitária, que homenageia quatro mulheres de destaque na luta pelos direitos femininos. Este ano as escolhidas foram: Loreta Valadares, Luísa Mahin, Maria Quitéria e Neide Candolina. “Estas mulheres são ícones da luta feminista, mas se destacaram também nas lutas coletivas”, ressaltou a secretária da Sepromi, Luíza Bairros.

A comunista e feminista Loreta Valadares destacou-se na defesa redemocratização do nosso país. Era militante feminista, dirigente nacional do PCdoB e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Loreta foi presa, torturada e se exilou, juntamente com o marido, Carlos Valadares. “Loreta é uma referência na luta feminista, pois não se deixou intimidar pela ditadura, nem pela opressão de gênero. Lutou pelos direitos das mulheres até o final de sua vida e deixou contribuições importantes para todas nós”, acrescentou Alice Portugal, durante o evento, nesta quinta-feira.

Luísa Mahin foi uma ex-escrava africana, radicada no Brasil, mãe do abolicionista Luís Gama. Alforriada, ela esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838).

Maria Quitéria se tornou a heroína mais respeitada de toda a Guerra da Independência da Bahia quando, vestida de homem, lutou com valentia para derrotar os colonizadores portugueses e consolidar a independência do Brasil. Seu entusiasmo contaminou outras mulheres. Centenas delas seguiram o seu exemplo e passaram a integrar a Companhia Feminina, criada pelo Exército e comandada por ela. Maria Quitéria estava á frente das tropas brasileiras que entraram vitoriosas em Salvador em 2 de julho de 1823.

A professora Neide Candolina fundou e dirigiu colégios importantes em Salvador, mas foi principalmente mestra de língua portuguesa para várias gerações de baianos, em tradicionais colégios de Salvador – Colégio Central da Bahia, Colégio Severino Vieira – e permaneceu na memória de seus alunos. Alguns deles se tornaram famosos. Um deles, o cantor Caetano Veloso, a homenageou, citando-a em suas canções.

De Salvador,
Eliane Costa