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8 de Março: mais de cem anos de lutas e conquistas das mulheres

Marcado como um dia de manifestações, reivindicações e celebrações, o Dia Internacional da Mulher desse ano tem um sabor especial: celebra seus cem anos. Entretanto, o histórico de luta das mulheres mundo afora é mais antigo que a data. E ainda há um longo e árduo caminho a se percorrer.

O Dia Internacional da Mulher tem sua origem nas lutas e na militância das mulheres socialistas. A data começou a ser comemorada em 1910, quando a socióloga Clara Zetkin propôs, durante a 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, na Dinamarca, a criação de um marco para lembrar a luta das mulheres nas fábricas.

Os registros históricos indicam que seria uma homenagem à iniciativa de operárias russas que nessa data realizaram uma greve contra a fome, a guerra e o czarismo. Porém, durante décadas a história de que a referência seria a morte, em 1857, de cem tecelãs norte-americanas em greve pela redução da jornada de trabalho, vítimas de um incêndio criminoso, serviu como referência.

Mas, a escolha do dia 8 de Março só ocorreu na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, em 1921, como homenagem às mulheres de São Petersburgo que desencadearam a greve geral de 1917, saindo às ruas de Petrogrado contra a fome, a guerra e o czarismo, desencadeando a Revolução Russa. A partir de 1960, essa tradição recomeçou como um grande acontecimento internacional. Então , em 1975, as Nações Unidas decidiram consagrar 08 de Março como o Dia Internacional da Mulher.

Cenário preocupante

As mulheres brasileiras atualmente contam com uma imensa lista de vitórias, como a ampliação da licença maternidade, a proibição da discriminação sexual no trabalho, o direito a posse da terra em nome da mulher rural, a lei Maria da Penha para fazer frente à violência doméstica, e a reforma no Código Civil. Entretanto, continuam numa árdua e contínua batalha pela ampliação e efetivação dessas medidas. Sempre discriminadas, mesmo com escolaridade superior a dos homens elas têm que se submeter a baixos salários e à dupla (e extenuante) jornada de trabalho.

Segundo destaca pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgada em março de 2009, o rendimento médio por hora de trabalho das mulheres casadas com filhos é de R$ 5,89, contra R$ 6,91 daquelas sem filhos. A taxa de desemprego das que não possuem filhos (13,1%) também é menor do que a das que possuem (15,6%), comprovando a preferência dos empregadores por aquelas que não tenham de realizar a chamada dupla jornada.

Discriminação

Ao mesmo tempo em que a mulher tem de lutae cotidianamente para se manter no mercado de trabalho, cabe a ela cuidar da casa, dos filhos, estudar e ainda brigar por salários iguais aos do homem. Esse quadro se agrava ainda mais quando falamos na questão de gênero aliada a de raça. As mulheres negras encontram muito mais dificuldade de inserção no mercado de trabalho do que as brancas.

A inserção das mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro é nitidamente desvantajosa, ainda que sua participação na força de trabalho seja mais intensa que a de
mulheres não-negras.

Essa discriminação fica mais evidente quando se analisam dados como o salário e o número de vagas ocupadas por elas. O salário médio da mulher negra com emprego formal, por exemplo, é menos da metade do que o salário de um homem branco. De acordo com a Relação Anual de Informação Social (Rais), do Ministério do Trabalho, a mulher negra ganha, em média, R$ 790 e o salário do homem branco chega a R$ 1.671.

No número de empregos, a discriminação também é estampada pelos números. São 498.521 empregos formais de mulheres negras contra 7,6 milhões de mulheres brancas e 11,9 milhões de homens brancos.

Se os números confirmam a disparidade da situação, ela é ainda mais preocupante no emprego doméstico. Apesar de terem emprego, as mulheres não conseguem fazer cumprir as poucas leis que as protegem. No Brasil, dos 8 milhões de trabalhadoras domésticas, apenas 2 milhões têm carteira assinada. A violência sexual e o assédio moral são outras das violações alvo de preocupação sindicato da categoria.

Consciente das desigualdades existentes entre homens e mulheres, principalmente no mercado de trabalho, a CTB mais uma vez reforça sua bandeira por igualdade de salários e direitos, bem como contra qualquer tipo de discriminação.

CTB

Para comemorar o centenário do Dia Internacional da Mulher, a CTB intensificou a mobilização em todos os estados brasileiros para as atividades que celebrarão a data histórica. Serão atos públicos, passeatas, manifestações e shows por todo Brasil, que além de celebrar as conquistas alcançadas em cem anos de mobilização coletiva, também mostrarão que a luta por autonomia, igualdade e direitos segue atual e necessária.

Foram marcadas grandes mobilizações de rua nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraná, Amazonas e Goiás, entre outros.

Da Redação, com informações do Portal CT¨B