Luciano aponta convergências entre PCdoB e o setor produtivo

Em seu discurso durante a sessão solene para a entrega do título de Cidadão do Recife ao empresário Jorge Côrte Real, o vereador Luciano Siqueira, autor da proposição, prestou sua homenagem destacando a contribuição do setor produtivo no contexto do novo ciclo de crescimento econômico do Estado.

O parlamentar ressaltou as propostas do PCdoB contidas no novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, aprovado no 12º Congresso, no qual a legenda aponta o fortalecimento do setor produtivo nacional como um dos elementos indutores da transformação do Brasil em um País mais soberano, democrático e socialmente justo. " Só será possível superar o padrão de vida social tão injusto, tão desigual, se o nosso País trilhar o caminho do desenvolvimento", afirmou.

Leia abaixo a íntegra o discurso do vereador Luciano Siqueira.

DISCURSO PROFERIDO PELO VEREADOR LUCIANO SIQUEIRA (PCdoB/PE) NA SOLENIDADE DE ENTREGA DO TÍTULO DE CIDADÃO RECIFENSE AO EMPRESÁRIO JORGE WICKS CÔRTE REAL – CÂMARA MUNICIPAL DO RECIFE – 05.03.2010

Bom dia a todos e a todas. Eu cumprimento com muita satisfação o vereador Romildo Gomes, que preside essa sessão solene, o presidente da Federação de Agricultura de Pernambuco, Dr. Pio Guerra Junior, cumprimento nossa querida amiga de muitos anos a presidente do Tribunal Regional do Trabalho, Dra Eneida, o amigo José Humberto Cavalcanti, secretario municipal de Serviços Públicos, que neste evento representa o prefeito do Recife, João da Costa, o amigo companheiro de lutas, deputado federal e neste momento presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto, Dr. José Carlos Lira de Andrade, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, e naturalmente abraço com muita alegria, com muita satisfação, o novo cidadão do Recife, Jorge Côrte Real.

Gostaria também registrar aqui a presença neste plenário de quase todos, senão de todos os representantes de segmentos expressivos do mundo empresarial e da sociedade pernambucana. Não vou fazê-lo porque teria que citar a todos e provavelmente correria o risco de alguma omissão. Mas quero registrar aqui que a presença de Jorge Wickys Côrte Real, de dona Peggy e de Maria Ângela, esposa do Jorge, nos dá uma alegria toda especial.

Presidente Romildo Gomes e amigo Jorge Côrte Real, as boas normas do protocolo sempre recomendam que numa ocasião como essa quem saúda o homenageado o faça de preferência através de um discurso escrito. Eu peço permissão ao presidente Romildo Gomes e a todos que aqui se encontram para permitir que apenas através da minha voz expresse o sentimento da amizade, do carinho por Jorge, a convergência de muitas das nossas idéias, dos nosso propósitos, para que eu possa fazê-lo assim de maneira espontânea e, portanto, traduzir da maneira a mais fiel possível o sentimento que ocupa o nossa espírito nesse instante.

Quando o vereador que lhes fala apresentou a proposição ao plenário desta Casa de conceder a Jorge Côrte Real o titulo de Cidadão do Recife, naturalmente, como é de praxe, na nossa justificativa nós procuramos sintetizar a vasta e rica biografia de Jorge Côrte Real, desde seus primeiros tempos de vida no Recife vindo da Bahia para cá no primeiro ano de vida e, sobretudo, a sua trajetória de empresário, de empreendedor bem sucedido, de líder empresarial, de homem público sintonizado com os melhores propósitos em favor de Pernambuco e do Brasil.

Mas, ontem, o presidente Romildo Gomes no contato telefônico me perguntava: “Em sua locução você fará referência à biografia de Jorge?” Eu disse: “Não. E explico o porquê”. Porque todos apreciam a história de Côrte Real, porque talvez fique mais apropriado para o presidente Romildo Gomes fazê-lo. Mas, aqui, em breve palavras eu quero registrar Jorge, Romildo Gomes, amigos e amigas que, quando este vereador, representando não apenas uma intenção pessoal, representante que sou nesta Casa do PCdoB, consultou o seu partido sobre a oportunidade e a justeza da proposição, o que me veio à mente, o que realçou a nossa compreensão comum de que Jorge Côrte Real é merecedor desse titulo de Cidadão do Recife foi muito mais do que a nossa amizade, embora seja preciso anotar que a amizade, a relação de respeito mútuo construída entre mim e Jorge nasceu talvez nos melhores ambientes propício à construção de sólidas amizades, nasceu no ambiente, no debate, no diálogo, na parceria entre a Prefeitura do Recife, quando por oito anos pude, com muita honra, dividir com João Paulo o governo da Cidade. Inicialmente com o diálogo com o SINDUSCON, depois com o também nosso amigo Antônio Carrilho, que sucedeu Jorge, e, posteriormente, com Jorge como presidente da Federação das Indústrias fomos descobrindo paulatinamente a convergência muito grande de propósitos e da compreensão dos problemas de Pernambuco e do Brasil.

Então, é claro que é com satisfação e movido pela relação de amizade e confiança que este vereador apresenta a proposição à Casa de José Mariano. Para isso, bastaria que fosse a sua biografia, a sua folha de serviços prestados a Pernambuco e ao Recife, mas é, sobretudo, permitam dizer à sociedade pernambucana e ao povo do Recife – e aí talvez esteja sua maior contribuição como cidadão, como empresário, como homem público -, é porque Jorge se converteu nos últimos anos em um porta-voz legítimo do pensamento progressista, do pensamento mais avançado, contemporâneo, moderno do empresariado pernambucano que rompeu com o discurso atrasado do passado de que em nome do regionalismo falso já não se conectava com o desenvolvimento do País, que desde a década de 1970 completou pela esfera financeira a integração das regiões como uma economia única e, no entanto, ainda se fazia um discurso de que era preciso mais e mais recursos federais para Pernambuco e para Região muitas vezes sem se discutir o mérito da destinação desses recursos e o seu bom uso.

O discurso de que a Região é só problema e que precisa da compaixão e da solidariedade do poder central e das regiões mais ricas. E esse discurso foi se desfazendo com o tempo por imposição da realidade, da integração das economias regionais, ainda sim e ainda hoje dentro de um padrão de desigualdade que faz o povo sofrer, que limita as possibilidades das regiões menos favorecidas, mas já não é mais o discurso dos empresários pernambucanos, do empresariado sintonizado com o tempo presente no discurso da piedade, do coitado, da busca do favorecimento do poder central.

Hoje os senhores e as senhoras que aqui estão que comandam empresas, que dão sua contribuição não só como empreendedores do nosso Estado, fazem outro discurso e é por isso que um homem como Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, tem sua voz acatada e ouvida em todas as partes desse País porque não é só o presidente da CNI.

Nordestino, embora preso às suas origens, torna-se um lutador para diminuir e desfazer as desigualdades sociais e é por isso que o presidente da Federação das Indústrias é uma voz acatada em todo o Pernambuco e fora do nosso Estado. Em certa ocasião, em uma solenidade a alguns anos atrás, no auditório do SENAI, eu estava a mesa como prefeito em exercício escutando mais uma vez atentamente as palavras de Jorge e logo depois da solenidade disse a ele: “Jorge, acabo de descobrir com clareza o que nos aproxima e acabo de perceber mais uma vez o quanto você consegue expressar com nitidez o pensamento mais avançado do empresariado de Pernambuco”.

Isto é tão importante, amigos e amigas, porque nós vivemos no País um tempo de mudança, vivemos no País um tempo em que o Brasil se coloca no conceito internacional não apenas como uma Nação soberana, não apenas como uma Nação que acredita em si mesma que enfrenta os problemas, as dificuldades, as turbulências da crise mundial pelas suas próprias pernas e fazendo uso das suas próprias realidades.

Hoje o Brasil enfrentou e esta saindo da chamada crise legal pela inspiração da vontade política do presidente Lula, segundo suas próprias potencialidades, fez uso da estabilidade financeira conquistada, das reservas monetárias e, ao invés de seguir os caminhos que os outros países equivocadamente seguiram em meio à crise global, o Governo Federal resolveu avançar mais ainda, em investimentos múltiplos, em infraestrutura, resolveu desonerar ainda que temporariamente setores industriais, estimular o consumo, estimular o crédito para apostar no mercado interno e para não perder o processo ascendente de crescimento do PIB.

Felizmente, nós não tivemos abalos fortíssimos sobre o desempenho da economia, e não é a toa que as previsões estimam que ao final deste ano o PIB brasileiro possa ultrapassar 5%, o que nas condições do mundo hoje será uma realização elevada. E como está Pernambuco? Como esta a Região Nordeste? Todos nós acompanhamos que o Nordeste cresce à taxa superior a do Brasil. Segundo a economista Tânia Bacelar, o que contribui enormemente para as taxas elevadas de crescimento do Nordeste em relação ao conjunto do País é a expansão do mercado interno, fruto não apenas das políticas públicas de amparo social, a começar pelo Bolsa Família que pode reduzir o percentual de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza inseridos no mercado consumidor, mas sobretudo da coragem empreendedora do empresário da Região .

Pernambuco inicia um ciclo novo de desenvolvimento econômico talvez só comparável ao primeiro ciclo do açúcar, com a vantagem de agora se dá a partir da produção industrial de ponta, tecnologia altamente moderna, com o dom de estabelecer mudanças tais na economia de Pernambuco que repercutem sobre as cadeias produtivas pré-existentes, estimulam o surgimento de novas empresas e produz esse milagre. Aliás, é bom não falar em milagres para não voltar ao passado do qual não queremos mais conservar lembranças, mas o ciclo econômico que Pernambuco começa a trilhar tem o dom de ser puxado pela tecnologia de ponta, pela produção industrial mais moderna e assim mesmo poder gerar empregos imediatos na construção das grandes unidades industriais.

Então, em Pernambuco, nesse contexto das mudanças, no contexto do novo ciclo de crescimento econômico do Estado, de novas perspectivas da Nação brasileira, o companheiro, amigo, empresário, Jorge Côrte Real é homenageado na Câmara de Veradores do Recife, que lhe concede o título de Cidadão Recifense. É por isso, Jorge que a partir de hoje sua responsabilidade é duplicada, porque se desde garotinho, de fato, na prática, você se sente cidadão pernambucano, cidadão do Recife, agora é pela vontade unânime dos 37 representantes do povo nesta Casa, e a nossa expectativa ao praticar esse gesto é de vê-lo cada vez mais firme, cada vez mais decidido no seu ponto de vista, na defesa de suas ideias.

Eu penso que nós todos que estamos aqui percebemos um detalhe que é algo de grande significado político e de sentido histórico. O vereador que fez a propositura de concessão do titulo de Cidadão do Recife ao líder do setor empresarial de Pernambuco pertence ao Partido Comunista do Brasil, partido que sabidamente tem compromisso fundamental com os trabalhadores e entende que uma das molas propulsoras do desenvolvimento da sociedade é a contradição entre o capital e o trabalho. E porque justamente um comunista, porque justamente um membro do PCdoB demonstrando a vontade unânime do seu partido, presta essa homenagem? Haveria algo de estranho nisso? Haveria algo de inusitado nesse gesto?

Eu creio que não. O nosso partido, o PCdoB, realizou no final de dezembro passado o seu 12° Congresso Nacional, quando atualizou seu programa, formatou um conjunto de proposições a ser oferecido a uma candidata à Presidência da Republica, no qual é possível identificar o conteúdo essencial que pode ser chamado de novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, e é com esse novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que o empresariado da produção, empresariado que também sofre das mesma agruras do papel exageradamente preponderante do setor rentista na economia brasileira, que dificulta os passos, a iniciativa o vigor do setor mais empreendedor, que tem contribuição a dar à Nação e ao povo brasileiro que é o empresariado do setor da produção e dos serviços, mesmo a despeito de o presidente Lula, ao longo desses quase dois mandatos ter reduzido substancialmente essa influência.

Então, há entre o PCdoB e Jorge Corte Real ideias fundamentais que o presidente da Fiepe tem defendido publicamente, uma grande sintonia. Porque nós pensamos que só será possível superar o padrão de vida social tão injusto, tão desigual no nosso País, se o nosso País trilhar o caminho do desenvolvimento, do desenvolvimento com distribuição de renda, com valorização do trabalho, com sustentabilidade ambiental, com consistência que se faça duradouro, que possa alavancar para sempre os trilhos do futuro desta grande Nação que é o Brasil.

Então essas são as razões, aí se encontra, aí reside a razão principal pela qual este modesto vereador apresentou esta proposição e pela alegria de vê-la acolhida pela unanimidade dos representantes do povo desta Casa. E com essas palavras, companheiro Jorge, eu lhe abraço em nome da Casa de José Mariano, juntamente com o presidente Romildo Gomes, e te digo seja bem vindo condição de cidadão honorário do Recife, que eu também sou. Apesar de norte rio-grandense, eu sou pernambucano e tenho certeza de que, ao lado de Maria Ângela .. aliás, eu e Luci, minha mulher, sempre freqüentamos todos os eventos juntos e analisando o seu discurso, seu pronunciamento e a sua postura vejo que Maria Ângela também lhe acompanha sempre e para orgulho da sua família você hoje é homenageado com esse titulo e teve do Diário de Pernambuco a justiça de uma matéria tão extensa, tão meritória, tão verdadeira, que eu até tomaria a liberdade de dizer à sua família: “Guarde para sempre, que esse é um registro talvez ate quem sabe muito maior, muito mais expressivo do que essas breve palavras nas quais eu aqui resumi as razões da homenagem que nós lhe fazemos. Muito obrigado, parabéns ao novo Cidadão do Recife, Jorge Côrte Real

Fonte: Site do Vereador Luciano Siqueira