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Apesar de terremoto, Bachelet deixa governo com 84% de aprovação

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, que entrega o cargo, nesta quinta (11), a Sebastián Piñera, chega com 84% de popularidade ao fim do mandato, no qual enfrentou uma crise financeira e um terremoto que arrasou duas regiões do país. Ontem mesmo ela foi à televisão para responder algumas críticas que recebeu após a catástrofe, mas que, pelo visto, não abalaram sua imagem. De acordo com a Agência Brasil, Bachelet deixou no ar a possibilidade de disputar as eleições em 2014.

A pesquisa que mediu a aprovação da presidente foi realizada pelo instituto Adimark Gfk, entre os dias 3 e 6 de março, indicando que " Bachelet sai intacta da hecatombe".

Bachelet, frequentemente calorosa com seus interlocutores, mas que não deixa transparecer suas emoções, se emocionou em várias oportunidades após a tragédia que afetou o Chile e em uma ocasião disse que era pela dor de ver tanta tragédia. Noventa e seis por cento dos entrevistados disseram que Bachelet é "querida pelos chilenos".

Carismática, a presidente, um médica pediatra, deixa o cargo então no auge da popularidade que, paradoxalmente, caiu na época das vacas gordas e depois, subiu vertiginosamente quando a crise econômica alcançou o Chile.

Alçada ao poder em 2006, após derrotar nas urnas o hoje vitorioso Piñera, Bachelet teve um começo cheio de tropeços, com protestos de estudantes de colégio – apelidados de pinguins, por causa da cor de seus uniformes -, que puseram em xeque o seu governo com um apelo por melhor educação.

A situação se complicou ainda mais para ela, que herdou o Transantiago, um sistema de transporte para a capital chilena que foi muito caótico em seu início. Na época, sua aprovação popular caiu para 35% – o pior índice de sua presidência.

Todo o início de seu governo foi marcado por uma bonança econômica que lhe trouxe, de certa forma, mais problemas que benefícios: Bachelet manteve uma disciplina fiscal para a época das vacas magras e quando a crise chegou, no fim de 2008, o Chile estava preparado. 

Sua gestão conseguiu melhorar um pouco a justiça social e dar um pontapé nos valores conservadores e machistas, mas não reformou profundamente o país, mantendo o modelo econômico e institucional deixado por Pinochet. 

O crédito político de Bachelet, então, não foi suficiente para endossar seu candidato presidencial, o ex-presidente Eduardo Frei e, assim, a direita voltou a vencer eleições depois de 50 anos. Doze dias antes de deixar o cargo, um terremoto seguido de uma tsunami marcaram o final de sua presidência. Na ocasião, ela recebeu muitas críticas pela demora em enviar ajuda e em militarizar áreas onde os saques se generalizaram.

Na entrevista que concedeu ontem, ela negou temer a presença de militares nas ruas, como acusaram alguns veículos da imprensa. "Afirmar que eu tenho medo dos militares nas ruas é um absurdo", afirmou Bachelet. Em seguida, acrescentou que "os militares estiveram presentes desde o primeiro momento".

Por sua decisão, 14 mil militares foram convocados para a segurança pública nas principais cidades do país. Segundo os críticos, ela temia que a imagem das Forças Armadas nas ruas fosse associada aos tempos da ditadura chilena.

Ao ser questionada sobre a suposta falha no alerta de tsunamis em três regiões do país, Bachelet reconheceu que será necessário aprimorar o sistema. "Vai ser preciso desenvolver o sistema para melhorar a capacidade de prever esse tipo de catástrofe. Já se sabe dos erros e das dificuldades, mas é preciso seguir adiante", disse.

Michelle Bachelet já havia sinalizado que iria voltar ao governo, concorrendo às eleições em 2010. Ontem, ao ser questionada sobre o que fará depois que deixar a Presidência da República, ela desconversou. Mas deixou no ar seu retorno ao Palácio de La Moneda. "A única coisa que tenho claro é que queria ser útil e quero ajudar com toda a experiência que reuni [no período de quatro anos de governo] e o amor que tenho por todos [os chilenos]", disse a presidente.

Com agências