Haitiano dirá a Obama que ajuda deve ser para gerar empregos
O presidente do Haiti, René Préval, tem encontro, nesta quarta, com o seu colega dos Estados Unidos, Barack Obama, para falar sobre o avanço das tarefas de reconstrução do país caribenho após o terremoto do dia 12 de janeiro. Préval já adiantou que deve agradecer o apoio enviado pelos norte-americanos, mas também destacar que a ênfase da ajuda humanitária deve ser a criação de empregos e o incentivo ao comércio local.
Publicado 10/03/2010 12:53
Segundo ele, a ajuda estrangeira, especialmente do envio de alimentos, pode ameaçar a economia haitiana, pois compete e desencoraja a economia indígena local. "Direi a ele (Obama) que esta primeira fase da assistência está encerrada", disse Préval, ainda em Porto Príncipe. "Se continuarem a nos mandar ajuda do exterior – água e comida – ela irá competir com a produção nacional haitiana e com o comércio haitiano."
Mais de 1,2 milhão de pessoas estão desabrigadas no Haiti e cerca de 230 mil morreram no terremoto. O presidente defende que a prioridade deve ser a criação de empregos. Segundo ele, a visão do governo é "reconstruir o Haiti, reiventar Porto Príncipe". "Se não tirarmos vantagem deste evento histórico para reinventar o Haiti, vamos cometer um erro de proporções históricas", disse.
Segundo o correspondente da BBC em Porto Príncipe Mark Doyle, Préval levantou uma questão crucial ao falar da suposta dependência do país à ajuda internacional. Doyle cita os países asiáticos que se desenvolveram de maneira rápida nos últimos anos, como China e Índia, que cresceram sem a ajuda estrangeira.
Segundo ele, esse não é o caso de países como o Haiti e outras nações africanas, que sempre dependeram de ajuda e continuam na base do processo de desenvolvimento. "A próxima questão que os haitianos irão perguntar é se Préval tem a vontade política de seguir nesse caminho e reduzir a dependência de ajuda, incentivando a autosuficiência", afirmou o correspondente.
Eleições
O encontro entre Obama e Préval acontece depois da reunião do líder haitiano com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, nesta terça. Na reunião, Hillary destacou a necessidade de o Haiti realizar suas eleições "tão logo seja possível", pois o pleito seria fundamental para a estabilidade e legitimidade do Governo do país. Ela prometeu ajudar a nação caribenha a organizar a votação.
Antes do terremoto, duas eleições estavam previstas para este ano no Haiti. As legislativas estavam agendadas para fevereiro e foram adiadas, ainda sem data definida. O pleito presidencial deveria acontecer no final de 2010, já que o mandato de Préval acaba em fevereiro de 2011.
O presidente Préval também defende a realização de eleições para escolher seu sucessor ainda neste ano. "Ter um governo provisório por um ano seria uma catástrofe. Esse governo não teria legitimidade", afirmou o presidente.
Com agências