Prefeitura apresenta projetos sob protestos na CMS

Os secretários municipais da Casa Civil, João Cavalcanti, e de Habitação, Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Antonio Abreu, compareceram na última terça-feira (09/03) à Câmara de Salvador para apresentar os 22 projetos do polêmico pacote Salvador Capital Mundial.

Os gestores públicos foram recebidos com muitos protestos por parte de membros de associações de moradores de vários bairros da cidade, que lotaram o Plenário da Casa, e ouviram duram críticas dos vereadores da bancada de oposição. A reação foi motivada pela postura antidemocrática do prefeito João Henrique, que não contou com a participação do legislativo municipal e dos movimentos sociais na elaboração dos projetos, e por suspeitas de haver jogo de interesses, já que eles foram doados por empresários do setor imobiliário.

Para a vereadora Olívia Santana (PCdoB), todo o processo precisa ser revisto e as relações entre a prefeitura e as empresas que doaram os projetos precisam ser investigadas. “Não é coincidência que parte desse projeto tenha como conseqüência a valorização de terrenos da Paralela, justamente onde um dos tais doadores é proprietário de lotes imensos”, afirmou a vereadora se referindo a Carlos Seabra Suarez, ex-OAS e presidente do conselho da Baía Viva, uma das entidades que elaborou o pacote.

Também foi questionada a não divulgação do valor pago ao arquiteto Marcelo Ferraz, dono do escritório paulista Brasil Arquitetura, e a mais oito profissionais, que trabalharam sete meses para elaborar uma proposta denominada Nova Cidade Baixa. “Gostaria de perguntar ao secretário Antonio Abreu se o valor é impublicável, porque o povo tem direito de saber”, destacou durante o seu discurso.

Outro ponto que gerou polêmica diz respeito ao resultado final do projeto, que está completamente voltado para as áreas de maior concentração de renda da cidade e ignora os bairros periféricos e populares. “É inaceitável que a prefeitura desenvolva um projeto desse porte, que vai exigir um investimento bilionário, e simplesmente não contemple a maior parte da população. Não se fala em Cajazeiras, em Pero Vaz, em Castelo Branco. Isso prova que esse pacote pretende atender aos interesses da especulação imobiliária e não às reais necessidades da cidade”, destacou Olívia.

Conselho

Tanto os vereadores da oposição, quanto os membros das entidades de bairros presentes, exigiram a instalação do Conselho Municipal da Cidade. Criado pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), em 2008, o órgão nunca foi instalado porque precisa da assinatura do prefeito João Henrique. Com o objetivo de discutir o planejamento urbano de Salvador, o Conselho seria deliberativo e teria poder de veto sobre propostas como essa. Na sua composição existe uma maioria de membros oriundos da sociedade civil em relação ao poder público, 24 contra 13. Atualmente, o Ministério Público analisa abertura de inquérito pela não realização de debates com a sociedade civil na elaboração dos projetos.

Fonte: Ascom/Gabinete da vereadora Olívia Santana