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Direita colombiana vence eleição parlamentar

A coalizão de direita que governa a Colômbia desde 2002 saiu fortalecida das eleições parlamentares de domingo. A disputa era encarada como uma espécie de teste antes da eleição presidencial de maio que vai escolher o sucessor de Álvaro Uribe, maior aliado dos Estados Unidos na região.

Além da manutenção da maioria uribista, o pleito de ontem se caracterizou por denúncias de irregularidades, demora na divulgação dos resultados e o avanço de um partido governista que tem vários líderes com problemas judiciais, por conexões com paramilitares de ultra direita.

Com 75,56% das urnas apuradas, o Partido do U, do presidente Álvaro Uribe, havia obtido 20,7% dos votos, seguido de perto pelo Partido Conservador, com 18,5%. O terceiro lugar foi para o Partido Liberal, com 13,8% dos votos.

Paramilitares

A surpresa, contudo, foi a futura quarta força no Congresso: o PIN (Partido de Integração Nacional). O partido foi criado em 2009 depois que a autoridade eleitoral proibiu a participação nas eleições de partidos envolvidos na chamada "parapolítica", escândalo pelo qual um terço dos legisladores escolhidos em 2006 foram investigados, presos ou condenados por relações com paramilitares.

Paramilitares são organizações que têm estrutura e disciplina como a do exército, mas não integram as forças armadas. Na Colômbia, os grupos se organizaram nos anos 1970 para combater guerrilhas de esquerda e atualmente são acusados de promover massacres e assassinatos, e de ligação com partido políticos.

O PIN é formado por parentes, amigos e aliados dos congressistas envolvidos no escândalo, a grande maioria deles próxima a Uribe. Conforme a apuração, eles poderiam ter até quatro cadeiras no Parlamento. Na sequência, está o partido Mudança Radical, criado pelo dissidente liberal e candidato à Presidência Germán Vargas Lleras, com 6,5% dos votos, e o esquerdista Polo Democrático Alternativo (PDA), que obteve 6,3% dos votos.

Abstenção e irregularidades

Os quase 2,5 mil candidatos registrados concorrem a 102 cadeiras no Senado e a 166 na Câmara dos Representantes da Colômbia. As eleições ocorreram com uma alta abstenção, apesar da importância dos resultados para o pleito presidencail de maio e dos chamados do presidente para que a população votasse. Dos cerca de 30 milhões de colombianos que estavam aptos a votar, estima-se que 40% não compareceram às urnas.

O pleito também foi marcado por várias denúncias de irregularidades, especialmente por compra de votos e incidentes isolados como a explosão de um carro-bomba no departamento de Antioquia, que provocou a morte de um homem. Em algumas regiões, faltou transporte para que os eleitores pudessem comparecer às urnas.

A votação também foi um pouco confusa, porque muitos eleitores tiveram dificuldades ao usar as cédulas eleitorais. Para votar, eles tinham de memorizar e ter certeza de qual era o número dos candidatos favoritos (entre os quase 2,5 mil), pois não apareciam seus nomes nem suas fotografias.
O pleito era considerado uma oportunidade de renovar o Congresso, tido como uma das instituições mais corruptas e ineficientes em uma das democracias mais antigas da América Latina. A nova legislatura terá o desafio de levar adiante uma reforma tributária estrutural para impedir o aumento do déficit fiscal. Terá também que aprovar leis econômicas e sociais que melhorem a qualidade de vida dos habitantes deste país com altos índices de pobreza, desemprego e violência em meio ao conflito interno de mais de quatro décadas.

Prévias

Os eleitores também foram as urnas para eleger os candidatos presidenciais dos partidos Conservador e Verde. Pelo PV, venceu o ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus, com 51% dos votos. Já entre os conservadores, o ex-ministro da Agricultura Andrés Felipe Arias, um economista de 36 anos, aparecia à frente. Ele disputa a vaga com a ex-chanceler Noemí Sanín, veterana política conservadora de 60 anos.

Arias, que pela sua fidelidade ao presidente e também por alguma semelhança física é chamado de "Uribito", conseguia 352.304 votos, ou 43,4% dos 933.865 votos válidos nessa consulta partidária. A ex-chanceler estava com 42,1% dos votos válidos.

Com agências