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Lula rejeita convite para visitar túmulo do fundador do sionismo

O Ministério das Relações Exteriores de Israel quis incluir na agenda do presidente Lula durante sua estadia no país a visita ao túmulo de Thedodor Herzl, considerado o pai do sionismo. A comitiva brasileira informou que Lula vai visitar o museu do Holocausto e o túmulo de Yitzhak Rabin (primeiro-ministro israelense que iniciou um processo de paz com os palestinos e foi assassinado em 1995 por um extremista de direita), mas não tem intenção de ir nesta terça-feira (16) à tumba de Thedodor Herzl.

O gesto do presidente tem um significado político muito claro de distanciamento crítico em relação ao sionismo. Afinal, trata-se de uma ideologia reacionária, com um conteúdo racista, que descreve os judeus como um povo superior, eleito por Deus, e na prática prega o extermínio dos palestinos.

Defesa do Estado palestino

A atitude do chefe de Estado brasileiro não agradou os líderes israelenses e chegou a ser classificada de “insulto” por Michael Jankelowstz, porta-voz da Agência Judaica, instituição sionista. Todavia, a visita pretendida pelas autoridades israelenses (ao túmulo de Herzl) não é praxe de viagens oficiais e também não foi realizada pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy nem pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, os dois últimos chefes de Estado a visitar o país.

Pela manhã, em discurso no Knesset, parlamento israelense, Lula defendeu a criação do Estado palestino “independente, soberano, coeso e economicamente viável. Só assim”, afirmou, “o povo palestino poderá conviver em paz e segurança com Israel. Temos urgência em ver israelenses e palestinos vivendo em harmonia. Recusamos o mito de que estão fadados ao conflito, de que seus filhos estão condenados para sempre à irracionalidade da guerra".

Estabilidade mundial

Mais tarde, durante um jantar em Jerusalém com o presidente do país, Shimon Peres, Lula voltou ao tema, destacando que "o Brasil e a comunidade internacional não podem se conformar em viver sob a ameaça constante da instabilidade em região tão importante para o mundo".

Ele defendeu o estabelecimento de um diálogo para a coexistência de um Estado israelense e outro palestino, citando sua própria experiência. “Na oposição [no Brasil] busquei o diálogo. Cheguei à Presidência pelo diálogo. Governei dialogando. Defendemos a existência de um Estado de Israel soberano, seguro e pacífico. Ele deverá existir junto com um Estado palestino, soberano, seguro e pacífico. O que está em jogo não é só o futuro da paz na região, mas a estabilidade no mundo”.

Em um seminário para empresários, falando de improviso, o presidente brasileiro arrancou gargalhadas da platéia ao fazer uma defesa da paz. "Eu acho que o vírus da paz está comigo desde quando eu ainda estava no útero da minha mãe", disse. "Não me lembro o dia que eu briguei com alguém. Já fiz muita disputa política, pertenço a um partido muito complicado, temos divergências políticas de causar inveja a qualquer pessoa no mundo", completou.

Citou seu bom relacionamento com outros chefes de Estado, nomeando o ex-presidente americano George W. Bush, o boliviano Evo Morales e o paraguaio Fernando Lugo. Sobre Morales, disse: "Como é que um metalúrgico de São Paulo ia brigar com índio da Bolívia?".

A forte presença de empresários brasileiros na delegação (eram pelo menos 200 os credenciados para o encontro) é sinal da relevância atribuída pelo governo ao aspecto comercial da visita a Israel ao Oriente Médio. O presidente acabou aplaudido de pé pelos empresários que participaram do seminário.

Da redação, com agências