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Lula visita Cisjordânia e condena cruel bloqueio de Israel

O presidente brasileiro, Luiz Inacio Lula da Silva, esteve nesta terça-feira (16) na cidade de Belém, na Cisjordânia, durante sua primeira visita à Autoridade Nacional Palestina, e foi recebido por Mahmoud Abbas, presidente da entidade.

Abbas recebe Lula em Belém (Palestina)

Depois da recepção, Lula encerrou uma conferência econômica que reuniu 120 empresários brasileiros e palestinos, na presença do primeiro-ministro Salam Fayyad, durante a qual desejou que um futuro Estado palestino possa, um dia, ser associado ao Mercosul — o Mercado Comum Sul-Americano.

O presidente Lula classificou nesta terça-feira de cruel o bloqueio que vem sofrendo o povo palestino e criticou o muro racista de separação construido por Israel na Cisjordânia.

"Sabemos qual é o primeiro desafio nessa caminhada. Vencer o cruel bloqueio que vem sofrendo o povo palestino. O muro de separação cobra um alto preço em termos de sofrimento humano e prejuízo material, sobretudo na Faixa de Gaza", disse.

"A asfixia imposta à Cisjordânia e a Gaza impede que a Palestina se beneficie dos fluxos de comércio internacional", disse Lula, prometendo ajudar na busca de uma solução para a criação de um Estado palestino.

Na quarta-feira Lula seguirá para Ramala, capital administrativa da Cisjordânia, onde vai assinar acordos de cooperação com o governo palestino da al-Fatá e, em seguida, visitar o túmulo do líder palestino Iasser Arafat, falecido em 2004. No início da tarde Lula viajará para Amã, onde terá uma reunião de trabalho com o rei da Jordânia, Abdullah II.

Primeiro passo

Comentando a iniciativa inédita entre presidentes brasileiros de visitar a região, Lula, que diversas vezes se referiu aos territórios palestinos como Palestina ou Estado Palestino, disse que esse é apenas o primeiro passo nessa aproximação.

"Nós estamos dando esse primeiro passo no estabelecimento de uma política entre o Estado brasileiro e o Estado palestino, uma política comercial mais sólida, mais forte e mais desenvolvida", disse Lula.

O presidente voltou a mencionar que a resolução do conflito entre israelenses e palestinos torna necessários mais interlocutores e prometeu levar a questão à comunidade internacional.

"O Brasil sempre esteve interessado, mas nunca esteve tão interessado como está agora em encontrar uma solução", disse o presidente, arrancando aplausos da plateia.

Descortesia

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, classificou como uma "descortesia" a atitude do ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, que boicotou a visita de Lula a Israel.

Aproveitando-se do fato da comitiva brasileira não ter visitado o túmulo de Theodor Herzl, um dos fundadores do sionismo cujo sesquicentenário está sendo comemorado pelo governo de Israel, Lieberman não compareceu a nenhum dos eventos programados com o visitante brasileiro, causando mal-estar.

Garcia lembrou que quando o ministro israelense visitou o Brasil no ano passado, "o presidente Lula o recebeu com a maior cortesia, e chegou a abrir uma exceção, porque normalmente presidente recebe presidente e seria de praxe que o chanceler tivesse sido recebido pelo nosso chanceler".

Após classificar a atitude do ministro de extrema-direita como "descortês", Garcia minimizou a questão, afirmando que "Lula tem mais coisas com o que se preocupar do que com esse assunto".

Da redação, com agências