Resultado da pesquisa eleitoral repercute no Congresso
Os deputados governistas comemoraram a subida dos índices das intenções de voto para presidente da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), divulgada na pesquisa CNI/Ibope nesta quarta-feira (17). A queda do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não surpreendeu o líder do seu partido na Câmara, deputado João Almeida (BA). Ele destacou que Serra mantém a liderança, embora a diferença para Dilma tenha caído de 21 para cinco pontos.
Publicado 17/03/2010 17:50
Outros fatores comemorados pelos governistas são a avaliação positiva do governo Lula, que subiu para 75%, a mais alta avaliação positiva já registrada pela pesquisa; e os números que demonstram que mais da metade dos brasileiros – 53% – prefere votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. É a primeira vez que a sondagem sobre transferência de votos é feita nos levantamentos da CNI/Ibope para o atual período eleitoral.
O deputado José Genoíno (PT-SP) destacou o potencial de transferência de voto do Presidente Lula, que deve crescer quando ele manifestar na campanha o seu apoio e o eleitor tiver essa informação. “Temos que trabalhar muito, suar a camisa, porque a eleição vai ser muito disputada, mas nós temos chances de ganhar”, avalia ao petista.
O líder do Bloco de Esquerda (PCdoB-PSB-PMN-PRB), deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), é mais otimista. Ele afirma que “a tendência dessa trajetória confirmando-se, é possível que a disputa eleitoral seja definida no primeiro turno”, com a vitoria da candidata do governo.
“É mais do que a maioria dos analistas previam”, disse o parlamentar ao comentar os resultados da pesquisa. “A pesquisa mostra uma tendência de crescimento da Dilma, estagnação e declínio do Serra e confirma a força de Lula e a identidade que vai ficando perceptível, por parte do eleitor, da vinculação de Dilma com Lula”, afirma Daniel Almeida, enfatizando que “o eleitor vai definindo que mais importante que as pessoas que estão na disputa é o projeto que elas representam.”
Para Genoíno, a diferença (entre Dilma e Serra) está caindo e é uma queda consistente porque “é ponto a ponto a cada mês”. Ele acredita que o PT deve continuar o trabalho que está sendo feito – “costurar alianças, fazer pré-campanha e manter os pés no chão porque vai ser uma eleição muito disputada”, avalia.
Bandeiras de campanha
Ao contrário da oposição, os governistas já anunciam as bandeiras de campanha. Daniel Almeida diz que “por mais que se queira evitar, o debate se dará em torno da comparação dos oito anos do Governo FHC e os oito anos do Governo Lula e das diferenças entre os dois projetos.”
Ao mesmo tempo, eles manifestam preocupação com a tentativa da oposição de baixar o nível da campanha “O que se prevê é uma tentativa que a oposição já esboça de baixar o nível da campanha, com ataques sem conteúdo, porque na disputa dos projetos, eles não tem argumento e nem discurso”, diz Daniel Almeida.
Genoíno diz o mesmo; “Para nós, está claro que a principal bandeira é a continuidade do projeto liderado pelo Presidente Lula, com avanços e prioridades. A oposição não está claro o que vai fazer”, diz, criticando o que ele considera “guerrilha da oposição com a mídia” contra a candidatura de Dilma.
Queixas da oposição
O líder do PSDB na Câmara tenta minimizar os resultados da pesquisa. Ele primeiro nega a candidatura de Serra, ao mesmo tempo diz que, apesar de não ser candidato, lidera as pesquisas. Em seguida, avisa: “pode esperar que o Serra vai se desimcompatibilizar do governo a qualquer hora, ai nós vamos começar (a campanha) e dona Dilma vai ter que deixar a função dela de ministra e vai ter que ser candidata em igualdade de condições”.
Para o líder tucano, a ministra antecipou a campanha ao participar, junto com o Presidente Lula, da inauguração de obras do governo federal. E que mesmo tendo estado há três anos andando com Presidente Lula – “o presidente mais popular – é estranho que não tenha conquistado os votos cativos do PT, tenha levado tanto tempo para chegar a esses índices.”
Para ele, a pesquisa é favorável ao PSDB, “porque o meu candidato está na frente. O que você quer? Ganhar eleição de W.O.? (Walkover, em inglês, que é a atribuição de uma vitória a um competidor quando o adversário está impossibilitada de competir), indaga. “Eleição tem disputa, não se ganha com oito meses de antecedência, só depois de apurados os votos”, diz, acrescentando que “é natural que os aliados do governo tenham uma candidata forte e competitiva.”
Ele não quis adiantar as bandeiras de campanha. “Não há campanha sem candidato, quando for anunciado (o candidato), teremos as bandeiras de campanha, não vamos antecipar campanha, somos legalistas, a lei não permite antecipar campanha”, diz, voltando ao assunto com que alfineta a candidata do governo.
Da sucursal de Brasília
Márcia Xavier