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Com elogios a Lula, Serra assume candidatura

Entre elogios ao governo Lula, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), falou abertamente pela primeira sobre sua candidatura à presidência. Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, o tucano confirmou que o anúncio oficial será no começo de abril. Diante do sucesso da gestão do presidente Lula e da falta de discurso da oposição, ele soltou: "O Lula fez dois mandatos, está terminando bem o governo. O que nós queremos para o Brasil? Que continue bem e até melhore".

Durante a entrevista, Datena perguntou a Serra quando será lançada a candidatura. “No começo de abril”, ele respondeu. O apresentador insistiu: “Tá definido, então?” E Serra assentiu: “Tá”. Antes questionado se negava a candidatura, o tucano disse: “Não, não estou negando. Eu estou dizendo que, nesse momento, enquanto eu estiver no governo, não vou fazer campanha”.

O governador vinha fugindo de um anúncio, segundo muitos, para deixar em aberto a possibilidade de desistir, e candidatar-se à reeleição, ante a força que a pré-candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff vem assumindo.

Questionado pelo apresentador se os partidos que o apoiarão irão conseguir superar a inquestionável força política de Lula, Serra sinalizou que não pretende contrariar os mais de 80% da população que aprovam a gestão do presidente, evitando o confronto com Lula.

"Eu não comparo uma coisa com a outra. O Lula fez dois mandatos, está terminando bem o governo. O que nós queremos para o Brasil? Que ele continue bem e até melhore”, disse, sem se dar conta de que o discurso da continuidade não cabe no seu palanque.

Tentando atenuar a influência que o presidente Lula e os avanços de seu governo terão na disputa, ele afirmou que aposta no confronto de biografias e que população fará "um juízo mais pessoal a respeito dos candidatos".

Ainda tentando minimizar a força da atual gestão, ele tentou descolar Dilma de Lula: 
"Tem que ver quem é que vai ser presidente, quem é que vai dirigir as coisas. Porque o presidente é insubstituível, não governa terceirizado".

Minutos depois, insistiu: "Não há ninguém que governe com alguém paralelamente mandando. Nem acho que o Lula pretenda fazer isso. Mas isso não funcionaria no Brasil e em nenhum lugar no mundo".


Dois dias após afirmar que não comentaria pesquisas até as eleições, Serra tentou demonstrar despreocupação com o rápido crescimento de Dilma. "São cinco pontos de diferença mas não me assusta não, até porque eu já estava prevendo. Você prevê pelo grau de exposição dela e também pelas possibilidades de crescimento que tem o PT. O PT sempre tem no mínimo 30% de possibilidade de crescimento", justicou.

Sabendo que ficaria na berlinda, ele rechaçou a comparação dos governos Lula e FHC na campanha:
"Há uma introdução a ela favorável neste momento. Mas a partir de um certo momento a população vai julgar não quem já foi presidente ou quem é, mas quem é candidato".
 O governador disse que, na campanha, o eleitor poderá conhecer sua história e a de Dilma.

Assustado com a repercussão da entrevista – que incomodou concorrentes da Bandeirantes – Serra tentou reduzir sua importância. "Não falei nada de especial. Não vejo razão para essa histeria coletiva", disse. Depois, à tarde, negou que tenha anunciado a sua candidatura. "Não vou falar (que sou candidato). Quem disse foi o Datena. Eu aqui vim no trabalho de governo e eu não vou misturar as coisas", disse Serra.


Com agências