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França: 800 mil nas ruas contra reforma previdenciária

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras marcharam pelas ruas de Paris nesta terça-feira (23) numa manifestação contra a reforma da Previdência anunciada pelo governo liderado pelo direitista Nicolas Sarkozy. O país ficou parcialmente paralisado por uma greve convocada por cinco centrais sindicais (CGT, CFDT, FSU, Solidaires e UNSA), que envolveu o setor público e pelo menos 170 empresas privadas.

O protesto ocorre dois dias após a derrota da direita nas eleições regionais. Os sindicalistas estimam em cerca de 800 mil o número de trabalhadores e trabalhadoras que participaram das 200 manifestações realizadas pelo o país.

Ofensiva contra o trabalho

A pretensão do governo é reduzir salários e pensões, bem como aumentar de 60 para 63 anos a idade da aposentadoria. O tema tem sido recorrente na França. Em 1995, durante o governo Juppé, também de direita, houve uma tentativa parecida de mudar (para pior) as regras da aposentadoria, rechaçada com energia pela classe trabalhadora, que parou o país durante 24 dias, derrotando a reforma e derrubando o governo.

Agora, diante da crise, a ofensiva contra os direitos trabalhistas foi intensificada em toda a Europa. Afinal, a burguesia culpa o chamado Estado de Bem Estar Social pela decadência da economia e está determinada a desmantelá-lo. Mas a classe trabalhadora está reagindo à altura. Além dos franceses, gregos, espanhóis e portugueses também estão ampliando a mobilização e a luta em defesa dos direitos sociais e contra a pretensão dos governos capitalistas de descarregar o ônus da crise sobre os assalariados, que ainda vai dar muito pano para manga.

Sem trégua

O protesto dos franceses foi deflagrado um dia depois do governo substituir o ministro do Trabalho, Xavier Darcos. Mas os sindicalistas não querem dar trégua ao novo ministro, Eric Woerth, tido como um “fundador da redução dos postos de trabalho no setor público” pelo secretário geral da CGT, Bernard Thibault.

A crise acirrou a luta de classes no velho continente europeu. A teimosia atávica da direita em impor o arrocho salarial, a flexibilização do tempo de trabalho e a redução de direitos (sobretudo previdenciários) tende a radicalizar o impasse e ampliar a mobilização social por uma alternativa às medidas neoliberais que os governos subordinados à oligarquia financeira decidiram adotar. Tudo indica que iremos presenciar um ano de grandes lutas na região.

Da redação, Umberto Martins, com agências