Poeta cearense faz versos em homenagem aos 88 anos do PCdoB

Cláudio de Oliveira, poeta, ator, artista plástico, professor e desde sempre militante do PCdoB em Sobral, brinda a todos os comunistas brasileiros com uma densa poesia para homenagear uma data importante e singular para a nossa organização partidária.

Octogenário, o PCdoB mantém viva a chama da juventude e o ardor da transformação social por suas ideias, ações, política justa, correta, adequada a cada momento da luta política neste Brasil. Apesar de não ter muita tradição partidária, nosso país terá um futuro melhor com soberania nacional, desenvolvimento com distribuição de riqueza, democracia, alicerçando um socialismo caboclo, moreno e com a cara do nosso imenso país.

A propósito de nós dois…

Vou cobrar aos camaradas um lugar para nós entre os socialistas
e depois dançarmos na chuva noturna entre grilos, sapos e tesão…
mas antes quero te propor o arco-íris
liberado de tuas lágrimas inconformistas
que jorram toda vez sobre o álbum de fotos do teus amigos afastados para sempre de ti.

Vou te buscar talvez incólume
entre guerras, mercados e ilusões
para que te libertes desse capitalismo tártaro e dantesco…

No café das tardes ventiladas
no teor de nossos afagos secretos
vou te contar sobre meus dedos macios
e te falar ao ouvido sobre utopias
e sobre o desastre da queda de um muro na Alemanha.

Na estrada e no chuveiro
entre meus beijos
entretanto
entre tudo
não só de mim nem de ti
mas também dos nossos sonhos brasileiros
de companheiros
de guerrilheiros…

Vou te falar sobre o velho
sobre o novo
sobre olgas, maurícios e amazonas
e também sobre esse enorme brilho nos teus olhos pequenos
capaz de se ver o amor
que galgou alvoroçado os batentes que te levaram a mim.

Vou te levar a muralhas extensas
aos guetos italianos
às serras gueváricas
a uma escarlate araguaia da qual se vislumbrou vultos tão vermelhos
tão doloridos
tão boca tua na minha
tão ânsia de se libertar da servidão de Baal, do capital, do escambal.

Vou te buscar antes que destruam as estrelas
antes que a lua fuja para sempre da nossa órbita
antes que te esquartejem em mesquitas e oratórios
antes que cubram com bandeira teu caixão
antes mesmo de te entupirem com vinhetas de televisão.

Vou te ter em meus braços
em meu peito
em meu respeito
em meu beijo
em meu sexo
vou te ter ao lado
em baixo
em cima
sobretudo
em minha alma
tão viva
tão vermelha
tão corpo
tão matéria.

Cláudio de Oliveira