Messias Pontes – Os tucanos estão perdidos e com amnésia

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Em qualquer país do mundo, o governo que faz a economia crescer, que aumenta número formal de emprego, que investe na educação, em ciência e tecnologia, que distribui renda e que aumenta a auto-estima do povo, não perde eleição. Se perder é porque, com certeza, houve fraude. E da grande.

A economia está bombando, o número de empregados formais batendo sucessivos recordes, a aceitação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também vem batendo sucessivos recordes como demonstram todos os institutos de pesquisa de opinião. Esses mesmos institutos, mesmo os mais alinhados à direita, têm divulgado o crescimento da candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT), apoiada pelo presidente Lula, e a queda de José Serra (PSDB), governador de São Paulo. E a tendência é de maior crescimento da petista e de queda do tucano.

Na última pesquisa aferida pelo Ibope e pelo Datafolha, Dilma já ultrapassa Serra na consulta espontânea. E isto tem deixado o demotucanato desnorteado, completamente sem rumo. Até porque os “analistas” e colonistas, e até mesmo o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, afirmavam e apostavam que a candidata de Lula não chegaria sequer aos 20%. Ela já chegou aos 30% e, de acordo com a tendência observada em todas as pesquisas, poderá até ganhar a eleição no primeiro turno.

Mas o que deixa mesmo o demotucanato feito biruta é a falta de um programa, de propostas e mesmo de credibilidade. Por isso essa gente está apelando para tudo, com o irrestrito apoio da grande mídia conservadora, venal e golpista que cria factóides quase que diariamente, bem espelhada na velha canalha da UDN. Porém é logo desmascarada.

Um fato curioso no comportamento das principais lideranças da direita é que todas passaram a sofrer de amnésia. Ou então estão agindo de má fé. Isto porque não cansam de acusar o governo Lula de corrupto, mas esquecem que a corrupção foi institucionalizada no Brasil pelo Coisa Ruim, logo no início do desgoverno tucano-pefelista, em janeiro de 1995. Antes de completar um mês de mandato, o ex-sociólogo entreguista assinou decreto extinguindo a Comissão Especial de Investigação (CEI), criada no governo Itamar Franco para apurar denúncias de corrupção no governo federal.

Na entrevista à revista IstoÉ desta semana, o senador tucano Tasso Jereissati declarou que “…Também acho que vai pesar muito o fato de que este é um governo que mais escândalos produziu nos últimos anos. Toda semana tem um escândalo. Isso já está praticamente institucionalizado no governo do PT”.

Tem corrupção no governo Lula? Tem e não se pode negar. Mas na frente do demotucanato perde é feio, pois a diferença é abissal. Só o rombo no BNB, deixado pelo Byron Queiroz, afilhado de Tasso, foi superior a R$ 7 bilhões. E os escândalos da privatizaria, da reeleição , do Proer, da SUDAM,da SUDENE, da Pasta Rosa, do Sivam, do DNER, dos Bancos Marka e Fonte Cidam etc. etc. etc?

Atualmente, senador, se investiga e nada vai pra debaixo do tapete como nos oito anos tucano-pefelista (1995/2002). A Controladoria Geral da República, tendo à frente o ministro Jorge Hage, tem agido com muita firmeza, nominando os corruptos, e por isso mesmo merecendo o reconhecimento internacional.

A Polícia Federal também tem agido como instituição republicana, prendendo ladrão de colarinho branco pela primeira vez no País. É bem verdade que houve um recuo na PF forçado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes (ou Gilmar Dantas, conforme o jornalista Ricardo Nobllat), e pelo ministro da Defesa Nelson Jobim, levando ao afastamento do delegado Protógenes Queiroz e do diretor-geral Paulo Lacerda por causa da prisão de banqueiro-bandido Daniel Dantas.

Mas mesmo assim, somente no ano passado os agentes federais realizaram 288 operações contra o narcotráfico, os crimes ambientais, a corrupção e a lavagem de dinheiro, com 2.663 prisões. Isso não acontecia nos oito anos da tragédia tucana. É recomendável ler o livro O Mapa da Corrupção no Governo FHC, dos jornalistas Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura.

Para finalizar este artigo, cabe uma ingênua pergunta: quem quebrou o Banco do Estado do Ceará (BEC), senador Tasso Jereissati?

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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