Pleito italiano tem contornos de plebiscito sobre Berlusconi

Do pleito, que termina amanhã às 15h (10h, Brasília), sairão novos governadores e prefeitos de 13 regiões, quatro províncias e 462 municípios. Os resultados são encarados como um importante parâmetro para as eleições gerais de 2013.

Abstenção

A ensolarada jornada eleitoral transcorre com normalidade e, embora se espere uma presença maior dos italianos nas horas finais de votação hoje e amanhã, teme-se que a abstenção seja superior aos 33% registrados nas eleições europeias de junho de 2009.

A baixa participação é atribuída por analistas à indefinição de programas na campanha eleitoral e aos escândalos em que Berlusconi se viu envolvido. Ao meio-dia (7h) a afluência às urnas era de 10,3%, três pontos abaixo da registrada nas eleições regionais de 2005.

A legenda do primeiro-ministro, o Povo da Liberdade (PDL), e a principal legenda de oposição, o Partido Democrata (PD), de Pierluigi Bersani, medem forças para a renovação do Governo de 13 regiões, 11 delas nas mãos da centro desde 2005. Apenas Lombardia e Vêneto são redutos da direita, governadas pelo PDL e seu aliado, a neofascista Liga Norte, respectivamente.

Segundo analistas políticos, um resultado negativo do PDL daria à federalista Liga do Norte maior influência sobre a coalizão que forma o atual Governo. Espera-se uma batalha acirrada pelos resultados de Lácio e Piemonte, controlados pelo centro. Somadas a Calábria e Campânia, onde as pesquisas preveem mudanças.

Apostas

Por sua vez, o PD teria assegurada a vitória em Emília-Romanha, Toscana, Úmbria, Marcas e Basilicata, enquanto sobre Ligúria e Apúlia ainda há dúvida. Os analistas tratam os resultados como apostas. Se terminar em nove a quatro, seria tomado como um sucesso do centro enquanto um oito a cinco seria visto como uma vitória tanto para o PDL como para o PD.

Mas as apostas não se baseiam em mais que suposições, já que ninguém sabe até que ponto o Governo, liderado por um neofascista muito chegado a escândalos, realmente se desgastou com os episódios rumorosos de corrupção e sexo, confrontos com o Judiciário e as denúncias de conexões com a máfia que envolveram a vida do primeiro-ministro.

Sem conteúdo

A campanha eleitoral esteve marcada pela ausência de conteúdo, apesar de as principais preocupações do eleitorado serem o desemprego e a economia. Para esse vazio contribuiu a proibição dos debates políticos nas televisões privadas e públicas antes das eleições.

Ademais, nos últimos dias a atenção dos italianos se centrou no escândalo dos casos de pedofilia que atingiu com força a Igreja Católica e o papa Bento XVI, tema ainda mais polêmico para eles pela força que o Vaticano tem na Itália. As portas de 49.862 colégios eleitorais italianos foram abertas às 8h (horário local, 4h de Brasília) para cerca de 41 milhões de italianos que foram convocados às urnas nas eleições regionais, provinciais e municipais que se realizam hoje e amanhã na Itália.

Fonte: Terra